O Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro decidiu, por unanimidade, nesta terça-feira (5), abrir processo ético-disciplinar contra o vereador Gabriel Monteiro (PL). A representação pode levar à cassação do mandato do ex-policial militar.
O bolsonarista é acusado por ex-assessores e por funcionários de assédio moral e sexual. Ele também está envolvido em denúncias de estupro e de forjar vídeos para postar em suas redes sociais. Monteiro tem 14 denúncias na Câmara. O resultado do processo disciplinar deve sair em, no máximo, 90 dias.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) abriu inquérito para apurar se o ex-PM violou direitos da criança que aparece em um vídeo publicado na internet. De acordo com a gravação, o vereador do Rio forçou uma criança a mentir sobre o pai dela.
Monteiro negou as acusações de assédio moral e sexual. No primeiro encontro do Conselho de Ética, na última semana, ele declarou a jornalistas que a verdade “já estava exposta nas redes sociais” e que não cometeu nenhum crime.
O vereador Chico Alencar (PSOL), um dos integrantes do conselho, afirmou: “É significativa a decisão tomada, por unanimidade, pelo Conselho de Ética da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro de abrir uma representação, por quebra de decoro, para investigar as gravíssimas denúncias contra o vereador Gabriel Monteiro. Os sete membros do colegiado entenderam que há indícios robustos para que as acusações contra Gabriel Monteiro sejam investigadas".
“Em tempos em que proliferam abusos como os que envolvem Eduardo Bolsonaro e Mamãe Falei, é muito positiva essa decisão, que não tem o objetivo de dificultar a fiscalização de órgãos públicos. Mas essa fiscalização tem que ser feita sem prepotência, sem o abuso de autoridade e sem a armação de cenas ilícitas. Será investigada a manipulação de pessoas vulneráveis, em situação de rua ou de crianças, para fazer armações cênicas que ele exibe em suas redes sociais. São cenas forjadas. Há ainda assédio moral, assédio sexual e possível estupro", acrescenta o vereador.
“O vereador Gabriel Monteiro terá direito a apresentar a sua defesa e nada será feito de forma açodada, mas o Conselho de Ética mostrou que a Câmara vai agir com seriedade. Até o momento, chegaram ao conhecimento do Conselho de Ética cerca de 14 denúncias contra o vereador. Além disso, o Ministério Público afirma ter ‘provas contundentes’ de alguns crimes que teriam sido cometidos pelo parlamentar, como invasão a abrigos e exposição de crianças. Decisões como esta mostram que é possível enfrentar essa onda de aviltamento da política e tirar o país da situação em que está", completou Alencar.
Programa Fantástico exibe relatos de mulheres que acusam vereador de estupro
O Fantástico, da TV Globo, voltou a trazer revelações sobre as denúncias que envolvem o vereador bolsonarista Gabriel Monteiro (Sem Partido), do Rio de Janeiro. Neste domingo (3), a revista eletrônica exibiu depoimentos de três mulheres que acusam o parlamentar de estupro.
As três, que tiveram suas identidades preservadas, afirmaram que Monteiro as forçou a manter relações sexuais sem preservativo e que ele chegou usar a arma como forma de ameaçar as vítimas
“Hoje eu tenho a consciência de que, infelizmente, eu fui estuprada. É a primeira vez que eu falo abertamente sobre isso”, disse uma das vítimas.
Uma outra revelou que começou a relação de forma consentida, mas que, em dado momento, Monteiro começou a ficar agressivo e a filmá-la sem consentimento. Diante das reações da jovem, o vereador pegou a arma e colocou na cabeça da vítima.