Em franca disputa interna de poder - em especial com o Centrão -, os militares do governo Jair Bolsonaro (PL) abriram fogo contra o ministro de Relações Exteriores, Carlos França, e avançam sobre o Itamaraty após darem aval ao presidente para afrontar o Supremo Tribunal Federal (STF) com a "graça constitucional" a Daniel Silveira (PTB-RJ).
A tropa que quer tomar o Planalto de assalto é comandada pelo ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto - provável vice na chapa de Bolsonaro - e o secretário de Assuntos Estratégicos do governo, o almirante Flávio Rocha.
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Os dois participaram das reuniões realizadas por Bolsonaro na quinta-feira e deram sinal verde para o indulto a Silveira, concordando com a necessidade de “marcar uma posição mais incisiva” sobre o STF, segundo Bela Megale, no jornal O Globo.
Aliado ao grupo de bolsonaristas radicais do governo, os militares bateram de frente com o Centrão, que propôs um desfecho menos traumático para que não afetasse a campanha eleitoral. Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) entrou com recurso no STF para embasar sua proposta, de comandar um levante contra a cassação do mandato de Silveira. Saiu derrotado.
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Itamaraty
Em outra linha de frente, Rocha busca levar os militares ao comando do Itamaraty após críticas do ministro, Carlos França, às viagens internacionais do assessor de Bolsonaro sem alinhamento com o ministério.
Segundo Igor Gadelha, do Metrópoles, Rocha trabalha para derrubar França e assumir o posto - ou colocar um aliado fardado no comando da pasta, uma das mais cobiçadas pela caserna.
Para isso, conta com o apoio do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Jorge Oliveira. Amigo do clã presidencial, mesmo no TCU, Oliveira coordenou a produção do decreto que anistiou Silveira, o que o aproximou ainda mais do núcleo militar.
Em outro front, o chanceler enfrenta a articulação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se aliou a Filipe Martins para emplacar um novo comando ideológico no Itamaraty com olavistas, que perderam força com a destituição de Ernesto Araújo e com a morte do guru Olavo de Carvalho.
Martins e Eduardo tentam emplacar Marcos Degaut, secretário de produtos de Defesa do Ministério da Defesa.
Armamentista, no ano passado, Degaut bateu recorde de uso de verba com passagens, utilizando R$ 527 mil em 60 viagens internacionais.