Procuradores da República de São Paulo pediram, por meio de um ofício encaminhado ao WhatsApp, que a empresa de tecnologia adie as mudanças previstas no aplicativo, que possibilitarão grupos com milhares de usuários, para depois da posse do próximo presidente eleito, em janeiro de 2023. Atualmente, os grupos do WhatsApp só permitem um máximo de 256 pessoas e uma reformulação desse tipo é vista como preocupante, pois Jair Bolsonaro e seu séquito de fanáticos digitais poderiam usar o recurso para expandir ainda mais as mentiras que difundem na internet, o que pode desestabilizar o processo democrático no país.
As alterações no aplicativo de mensagens já começarão a valer em breve para todos os países do mundo, mas no Brasil a empresa já tinha tomado a decisão de deixá-la para depois da eleição. No entanto, os integrantes do Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo acreditam que a data ideal para a implantação seja janeiro de 2023, uma vez que, se algo mudar antes da posse de um eventual novo presidente, no caso Lula, Bolsonaro poderia desencadear um perigoso movimento golpista como o engendrado por Donald Trump nos EUA, após a derrota para Joe Biden, que culminou com a trágica invasão do Capitólio, em Washington, resultando em cinco mortos.
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O acontecimento histórico nos EUA foi, inclusive, citado pelos procuradores no ofício. Segundo o texto, há uma preocupação que as medidas tomadas pelo MPF no âmbito do combate às fake news e à desinformação no país sejam minadas por recursos que facilitem a viralização de conteúdos, sobretudo falsos.
"Tendo em vista que tal funcionalidade pode ter por consequência, entre outras, uma diminuição drástica dos limites hoje vigentes para encaminhamento de mensagens por seus usuários, e ir na contramão das diversas medidas que essa plataforma listou ao Ministério Público Federal como soluções adotadas para enfrentar comportamentos abusivos de impulsionamento em massa de conteúdo potencialmente desinformativo, uma manifestação a esse respeito pode impactar a avaliação geral da plataforma no âmbito do inquérito civil público ora em curso", diz uma parte do ofício assinado pelos integrantes do Ministério Público Federal.