POLÍTICA

Bolsonaro concede reajuste abaixo da inflação a servidores, que seguem pressionando

"Com os gastos básicos subindo e o salário derretendo, as condições de vida dos servidores estão piorando", afirma Thiago Gonçalves, diretor da Fenajufe

Jair Bolsonaro.Créditos: Foto: Anderson Riedel/PR
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu nesta quarta-feira (13) conceder reajuste de 5% para servidores federais a partir do mês de julho diante das fortes pressões que tem recebido. Trabalhadores do Banco Central, por exemplo, estão de greve desde o dia 1º. Funcionários do INSS, da Receita Federal e do Tesouro também realizaram paralisações cobrando um reajuste, que sequer existiria.

A intenção inicial do presidente era de conceder aumento apenas para policiais federais e agentes penitenciários, mas decidiu estender para trabalhadores do Executivo Federal. O reajuste vai obrigar o governo a fazer um remanejamento do orçamento em R$ 6,5 bilhões.

Os trabalhadores, no entanto, seguem insatisfeitos em razão do reajuste ser inferior à inflação e não recompor as perdas salariais. Segundo o IBGE, o IPCA ficou em 11,3% em 12 meses. No entanto, em 2020 também não houve reajuste, o que agrava a situação.

"A proposta do presidente Jair Bolsonaro (PL) de conceder reajuste salarial de 5% aos servidores públicos federais aprofunda o processo de corrosão da renda da categoria, com o achatamento de salários em momento de crescimento dos preços do aluguel e a inflação dos alimentos e combustíveis", disse Thiago Duarte Gonçalves, diretor da Federação dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do MPU (Fenajufe).

"O salário dos servidores está desvalorizando ano a ano com o aumento da inflação, que está entre os maiores índices do século 21, comparável aos período 2002/2003 e 2015/2016.  Com os gastos básicos subindo e o salário derretendo, as condições de vida dos servidores estão piorando, junto com a insegurança para exercer as atividades durante a pandemia e as ameaças das 'granadas' de um governo que classifica quem trabalha no setor público como inimigo", afirma. 

Segundo ele, a mobilização do funcionalismo tem crescido desde no ano passado. "Depois da paralisação de diversas categorias no dia 16 de março, os servidores federais fizeram uma mobilização Ocupa Brasília, na Praça dos Três Poderes no dia 30 de março. Em abril, diversas categorias fizeram greves e paralisações. Não queremos privilégios nem aumentos salariais em um momento de profunda crise econômica e social. Defendemos que seja feita a recomposição inflacionária de 19,99%, referente às perdas inflacionárias desde 2019", declarou. 

Os policiais federais também reagiram. “Caso seja confirmado esse reajuste linear de 5% a todos os servidores federais, no lugar da reestruturação prometida para as forças de segurança da União, será uma grande decepção para todas as categorias policiais, além de pôr em descrédito o comprometimento deste governo com a segurança pública", disse o presidente Associação Nacional Polícia Federal (ADPF), Luciano Leiro, em nota enviada ao Valor.