ELEIÇÕES 2022

No fascismo, “não se sabe de onde vem a bala”, diz deputada sobre segurança de Lula

Maria do Rosário alertou sobre riscos que aguardam Lula na campanha e repudiou as seguidas ameaças de morte que ele vem sofrendo pelas redes sociais

A deputada Maria do Rosário.Créditos: Agência Câmara
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Em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta terça (12), a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) alertou para os riscos que aguardam o ex-presidente Lula (PT) durante a campanha eleitoral. O petista vem sendo alvo de seguidas ameaças de morte que circulam nas redes sociais.

Em ambiente fascista, não se sabe de onde vem a bala”, disse. Rosário destacou que o fundamentalismo estimulado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) é perigoso.

“O fascismo é um fenômeno que não está vinculado apenas ao seu líder. É um sentimento de ódio que foi incutido em uma base social. Portanto, o fascismo não está somente em quem dá o tiro”, destacou.

O ex-presidente sempre fez campanhas muito próximo da população, em locais abertos, com capacidade para receber milhares de pessoas. Porém, o momento requer cuidados que não eram necessários no passado.

Apesar dos riscos, a deputada afirmou que “Lula não vai se afastar do povo. Mas como fizemos a campanha ‘Lula Livre’, agora temos de fazer ‘Lula Vivo’. É preciso ter cautela”.

Maria do Rosário viveu na pele a violência de Bolsonaro, em um triste episódio ocorrido em 2014, quando o então deputado afirmou: “Jamais iria estuprar você, porque você não merece”.

Depois de alguns anos, a deputada ganhou o processo na Justiça e teve direito à indenização. “Tenho muita vontade de dizer que não é impossível derrotar Bolsonaro. Mesmo ele sendo presidente, teve de pagar R$ 20 mil que eu doei a entidades e movimentos de mulheres. A vitória foi simbólica”, relembrou. “O Lula foi absolvido de todos os processos. O Bolsonaro, não”.

“O bolsonarismo derrotou a ideia de um centro liberal, que aderiu ao fascismo”

A parlamentar também abordou o cenário eleitoral e apontou as razões porque a terceira via não decola nas pesquisas, em sua visão. “O bolsonarismo derrotou a ideia de um centro liberal, que aderiu ao fascismo, em 2018. Eles entregaram sua representatividade à extrema direita, como ocorreu com o MDB no Sul, o BolsoDoria em São Paulo”.

Em relação a seu estado, Rosário relatou que a situação social é grave e ressaltou a importância da candidatura ao governo de Edegar Pretto (PT). “É uma força importante, principalmente porque o Rio Grande do Sul é um estado polarizado”, disse, se referindo ao bolsonarismo.

“Hoje, há 270 mil famílias de pequenos proprietários rurais, que atuam na agricultura familiar e não conseguem se sustentar, inclusive, porque não há água no estado. O Edegar vem do campo”, afirmou.

Comitês populares vão criar um novo patamar de formação política, avalia a deputada

Rosário reafirmou, ainda, a relevância do trabalho que vem desenvolvendo, junto com Gilberto de Carvalho, na criação de comitês populares no Brasil todo.

“O PT não pode ser igual aos outros partidos. Não se trata só de eleição. Vamos criar um novo patamar de formação política para o futuro”, apontou.

A deputada também foi questionada sobre a declaração de Lula sobre o aborto, que provocou forte reação bolsonarista. O ex-presidente falou, apenas, que o tema deve ser tratado como sendo de saúde pública.

“O conceito está correto, é um assunto grave de saúde pública e é fundamental para o Brasil, principalmente para as mulheres, que são reféns da hipocrisia. Porém, não se pode fechar a porta do diálogo com setores que não concordam. Por isso, não é preciso discutir esses temas no início da campanha. Deve ser debatido com mais profundidade com a sociedade”, completou Rosário.

Assista à íntegra da entrevista: