O deputado estadual Arthur do Val (União-SP), o Mamãe Falei, tenta postergar a cassação de seu mandato com uma manobra jurídica feita por seus advogados, que pediram ao relator do Conselho de Ética da Alesp, Delegado Olim (PP-SP), que seja ouvida uma testemunha da Ucrânia.
"Ele entrou na Justiça e perdeu - eu estou com a liminar aqui - dizendo que nós não demos chances dele chamar as demais testemunhas. Mas, ele queria trazer uma testemunha da Ucrânia. Ia demorar quantos meses pra gente chamar essa pessoa e trazer? Ou seja, isso é tudo da defesa, para ganhar tempo. E a população nos cobra rapidez e que a gente dê uma decisão sobre esse caso", disse o relator em entrevista à GloboNews.
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"Eu sentei um dia com ele [advogado] e perguntei se ele ia mandar as passagens [para a Ucrânia]. Ele poderia ter dois mandatos e esse caso nunca ia terminar", emendou o deputado.
Olim deve ler no Conselho de Ética nesta terça-feira (12) um resumo de sete páginas sobre sua indicação sobre o caso, em que deve pedir a cassação de Mamãe Falei.
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Cassação
O deputado estadual Arhur do Val, o Mamãe Falei, tenta de todo modo escapar do processo que pede sua cassação no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Nas alegações iniciais apresentadas aos membros do colegiado, o parlamentar chegou a alegar que não poderia ser punido por que os áudios misóginos sobre refugiadas da guerra na Ucrânia foram gravados fora do Brasil.
O deputado usa a argumentação do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro, pré-candidato à presidência pelo Podemos, para tentar se safar da cassação. Mamãe Falei alega que os áudios não podem ser considerados provas porque foram divulgados sem consentimento após terem sido enviados em grupo privado. Moro apoiava a pré-candidatura de Mamãe Falei ao governo de São Paulo, que foi retirada diante do episodio.
"Fáceis porque são pobres"
O áudio que deu início ao processo de cassação de Mamãe Falei teria sido encaminhado a membros do Movimento Brasil Livre (MBL) e, nele, o parlamentar que esteve na Ucrânia afirma que as mulheres ucranianas "são fáceis porque são pobres".
"Elas olham. Vou te dizer, elas são fáceis porque elas são pobres. Aqui, cara, minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Funciona demais. Depois eu conto a história. Nossa velho! Não peguei ninguém, mas colei em duas minas, que a gente não tinha tempo", diz um trecho do áudio.
No áudio ainda é feita uma comparação entre as filas de refugiadas ucranianas, que só teriam "deusas", e as filas de baladas em São Paulo.
"Você tem que ir para as cidades normais, porque você pega as minas assim, não na balada, na praia. Você pega ela no mercado. Você pega ela na padaria. Que nem a recepcionista do hotel que deu em cima de mim aqui (...) E eu nem peguei ninguém aqui. Só a sensação de que eu poderia fazer, enfim, já sabem. Já estou comprando minha passagem pro Leste Europeu no ano que vem. Assim que eu chegar em São Paulo”, diz ainda, sugerindo turismo sexual.