O deputado estadual Delegado Olim (PP-SP), que deve assumir a relatoria do pedido de cassação de Arthur do Val, o Mamãe Falei, no Conselho de Ética, foi contra a punição ao deputado Fernando Cury (Sem Partido) diante do episódio em que ele apalpou a deputada Isa Penna (PSOL-SP). Mamãe Falei é alvo de processo por quebra de decoro após o vazamento de áudios em que o parlamentar faz declarações machistas sobre mulheres refugiadas da Ucrânia.
O nome de Olim ainda não foi oficializado, mas já teria sido definido pela presidenta do Conselho de Ética, Maria Lúcia Amary (PSDB). A escolha incomodou deputadas da bancada feminina, que alegam que a relatoria do caso deveria ficar com uma mulher. Amary confirmou a decisão à CNN Brasil.
Te podría interesar
Além de Amary, duas mulheres compõem o conselho: Erica Malunguinho (PSOL) e Marina Helou (Rede). As duas criticaram a escolha em entrevista à Folha de S. Paulo. "Quem assumir essa relatoria deveria ter o mínimo de respaldo no tema, que é violência e questões das mulheres", disse Malunguinho ao jornalista Bruno Soraggi.
"Colocar uma pessoa de fora desse campo de pensamento, de atuação política, compromete [o trabalho], porque o processo demanda um conhecimento específico. Seria importante que fosse uma mulher. Mas se não fosse, tão importante quanto é que tenha uma apropriação do tema [discutido]", completou.
Te podría interesar
Para as parlamentares, é improvável uma mudança.
Olim foi um dos deputados que ajudou na blindagem de Fernando Cury diante do episódio em que o parlamentar assediou Isa Penna. Curry recebeu apenas uma suspensão de 6 meses do mandato após apalpar a colega em plena sessão da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
O possível relator do caso Mamãe Falei defendeu no Conselho de Ética uma suspensão de apenas 3 meses para Cury. Esse prazo menor foi aprovado no colegiado, mas foi revertido no plenário.
Em 2019, Olim votou a favor do arquivamento de um processo de quebra de decoro movido pela bancada do PT contra Arthur Do Val por ter se referido aos demais membros da Alesp como "vagabundos".
Para o MBL, a única forma de salvar a pele de Mamãe Falei é fazer o processo se prolongar o máximo possível para que o caso esfrie e diminua a pressão pela cassação. Se for cassado, o integrante do MBL fica inelegível por 8 anos.