O deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), conhecido como Mamãe Falei, parece não ter sofrido grandes abalos entre sua base eleitoral após o episódio em que foram vazados áudios com declarações machistas sobre mulheres refugiadas da Ucrânia. Blindado pelo MBL, o parlamentar perdeu poucos seguidores nas redes sociais após a polêmica.
Levantamento da consultoria Arquimedes feito para a coluna do Lauro Jardim, de O Globo, mostra que a perda foi de menos de 2% no número total de seguidores. Antes da polêmica, Arthur tinha 2.982.774 seguidores somados em Instagram, Facebook e Twitter. Após o ocorrido, ele mantém 2.927.127 pessoas o acompanhando. Uma queda de apenas 55 mil seguidores.
Para um parlamentar que foi eleito com 450 mil votos tendo as redes como principal suporte, a redução parece pequena diante da gravidade das declarações feitas na gravação.
Mamãe Falei e o coordenador do MBL, Renan Santos, foram à Ucrânia para "cobrir" a guerra. Nos áudios, fica claro que um dos interesses do parlamentar eram as mulheres ucranianas, mesmo diante do conflito bélico. Entre outras declarações machistas, disse que as mulheres ucranianas são "fáceis porque são pobres".
"Você tem que ir para as cidades normais, porque você pega as minas assim, não na balada, na praia. Você pega ela no mercado. Você pega ela na padaria. Que nem a recepcionista do hotel que deu em cima de mim aqui (...) E eu nem peguei ninguém aqui. Só a sensação de que eu poderia fazer, enfim, já sabem. Já estou comprando minha passagem pro Leste Europeu no ano que vem. Assim que eu chegar em São Paulo”, disse ainda, sugerindo turismo sexual.
Apesar de ter perdido a namorada, Giulia Blagitz, e o apoio do ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato à presidência pelo Podemos, Mamãe Falei foi blindado pelo MBL, que tentou desviar o foco das declarações misóginas atacando o PT e Bolsonaro em nota divulgada publicamente. A posição do movimento pode ter ajudado a estancar a sangria nas redes. Inclusive, o MBL segue com o apoio de Moro.
Alesp pode cassar mandato de Mamãe Falei
Enquanto isso, deputados estaduais de cinco partidos - PT, PSOL, PCdoB, PSDB e PL - já se movimentam na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para que o Conselho de Ética abra investigação contra Arthur do Val. Nesta segunda-feira (7), o presidente da casa legislativa, deputado Carlão Pignatari (PSDB), assegurou que o parlamento dará uma resposta efetiva às nove representações encaminhadas ao Conselho de Ética que reivindicam a cassação de Arthur do Val.
Pignatari afirmou que a Alesp repudia comportamentos sexistas, machistas ou qualquer outro tipo de preconceito ou incitação ao ódio, e que coloca a Casa ao lado das mulheres na luta por mais direitos, igualdade e respeito, reafirmando a defesa e a proteção de todas.
O presidente da Alesp assegurou que o caso será analisado, de forma independente e imparcial pelo Conselho de Ética e reforçou que “palavras, posições e decisões pessoais de um parlamentar não representam, de forma alguma, a Assembleia Legislativa de São Paulo, tampouco o conjunto de deputados e deputadas que a formam'”.
Além dos cinco partidos, o PDT e o Republicanos já sinalizaram que apoiam a cassação do deputado.