O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma defesa enfática e apaixonada do ministro da Educação Milton Ribeiro esta noite (24), em sua habitual live de quinta-feira. O chefe do MEC está no centro de um escândalo envolvendo um gabinete paralelo e informal integrado por pastores evangélicos dentro de sua pasta, que segundo um áudio do próprio ministro, tinha prioridade em tudo, por determinação do ocupante do Palácio do Planalto, decidindo quem receberia verbas públicas para construção de escolas e outras melhorias. Há ainda denúncias de que os religiosos cobravam propina para liberar esses recursos, inclusive ouro.
"O Milton, coisa rara de eu falar aqui: eu boto minha cara toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia contra ele", disse o presidente de extrema direita. O fato é que o risco de queimadura no rosto é muito elevado para Jair Bolsonaro, uma vez que o escandaloso enrosco em que se meteu Milton Ribeiro envolve, segundo especialistas em Direito, a prática por parte do ministro de corrupção passiva, corrupção privilegiada, improbidade administrativa, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
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Bolsonaro usou ainda seu arsenal de clichês e argumentos confusos para enfatizar que “em seu governo não há corrupção”, ignorando a avalanche de mutretas apontadas em todos os cantos da administração federal desde que assumiu o cargo, além das pilhas de acusações contra seus filhos parlamentares. Dessa vez, numa fala incompreensível, ele argumentou que o caso já tinha chegado às mãos da Controladoria-Geral da União (CGU) antes das denúncias, e que tudo tinha sido encaminhado à Polícia Federal. Curiosamente, o líder extremista diz ter “resolvido” o problema, mas depois nega a existência dele.
"(A CGU) resolveu no dia 3 de março agora encaminhar essas peças para a Polícia Federal. E aqui tem a data, anteontem, acho que no dia da divulgação do caso, foi mandado para a Polícia Federal. Por que não tem corrupção no meu governo? A gente age dessa maneira, a gente está um passo à frente", explicou o presidente.
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Supremo autoriza inquérito contra Ribeiro
A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu, nesta quinta (24), pela abertura de inquérito contra Milton Ribeiro, ministro da Educação. O titular da pasta foi flagrado em áudios que revelaram um esquema de favorecimento a pastores, inclusive na distribuição de verbas, dentro do MEC.
A decisão acata solicitação da Procuradoria-Geral da República (PGR), feita na quarta (23). Cármen aceitou que sejam ouvidos, em depoimento na Polícia Federal (PF), os pastores envolvidos no escândalo: Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) e Arilton Moura, além de prefeitos que denunciaram pedidos de propina e ingerências envolvendo o MEC, segundo a CNN Brasil.
O inquérito terá prazo de 30 dias improrrogáveis, segundo a decisão da ministra.
O áudio revelado pela Folha de S.Paulo mostra o ministro afirmando privilegiar os dois pastores evangélicos na distribuição de verbas do MEC.
A ministra determinou, ainda, que o Ministério da Educação e à Controladoria-Geral da União (CGU) apresentem, “no prazo máximo e improrrogável de quinze dias, o cronograma de liberação das verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e os critérios adotados”.