FUNDAMENTALISMO

Milton Ribeiro: pastor coleciona gafes, crimes e declarações desastrosas à frente do MEC

Homofobia, ataque aos estudantes com necessidades especiais e elitismo marcam a era de Ribeiro no comando do Ministério da Educação

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O escândalo do "Bolsolão do MEC" é só mais uma atitude pra lá de suspeita do ministro da Educação, Milton Ribeiro. 

A primeira denúncia dava conta de que um "gabinete paralelo", comandado por pastores fundamentalistas, foi montado, sob o conhecimento de Ribeiro, e que os líderes religiosos atam em benefícios particulares. 

 Posteriormente, Um áudio revelado pela Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (21) reforça a tese de que o Ministério da Educação (MEC) foi tomado por um gabinete de pastores que movimentos os recursos de acordo com seus interesses pessoais.

Gravação mostra o ministro Milton Ribeiro assumindo que o presidente Jair Bolsonaro pediu que o MEC priorizasse os pedidos feitos por Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB).

"A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar. [...] Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar", diz Ribeiro na conversa.

Milton Ribeiro é pastor da Igreja Presbiteriana. Antes de assumir o MEC, o pastor possuía uma série de vídeos no YouTube falando atrocidades que já demonstravam completa incompatibilidade com o cargo. 

 

Homofobia 

 

Milton Ribeiro assumiu o Ministério da Educação em julho de 2020 e, em setembro do mesmo, ao conceder a sua primeira entrevista declarou que "homossexuais são fruto de lares desajustados". 

"É claro que é importante mostrar que há tolerância, mas normalizar isso, e achar que está tudo certo, é uma questão de opinião. Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) têm um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas", disse Ribeiro. 

Porém, as declarações de ódio às pessoas LGBTQIA+ continuara. Em entrevista a um programa da RedeTV!, Ribeiro atacou as identidades de gênero fora da normalidade. 

"Nós não vamos permitir que a educação brasileira vá por um caminho de tentar ensinar coisa errada para as crianças. Coisa errada se aprende na rua. Dentro da escola, a gente aprende o que é bom, o correto, o civismo, o patriotismo. Por isso que tem um grupo da população que infelizmente me crítica, mas tenho certeza de que as merendeiras, mães, avós estão comigo. Eu quero cuidar das crianças. Não vou permitir que ninguém violente a inocência das crianças nas escolas públicas. Esse é um compromisso do nosso presidente. Não tem esse negócio de ensinar: você nasceu homem, pode ser mulher. Respeito todas as orientações. Mas uma coisa é respeitar, incentivar é outro passo", disse o ministro. 

As declarações LGBTfóbica de Milton Ribeiro lhe renderam denuncia na Procuradoria Geral da República por homofobia. 

 

De costas para os professores 

 

No Dia dos Professores de 2021, o ministro da Educação resolveu privilegiar o ensino privado. À época, sua agenda oficial, o líder da pasta tem compromisso de lançamento do LABCrie, às 11h, e depois deve participar por quase 4 horas em eventos do Mackenzie, incluindo um culto de 150 anos de comemoração da instituição.

Neste caso, Ribeiro não falou barbáries, mas o seu silêncio sobre os professores e a educação púbico como um todo revelam como o atual governo trata a educação pública. 

 

"Estudantes com deficiência atrapalham" 

 

O ministro afirmou que a inclusão de estudantes com especialidades "atrapalha" os colegas em sala de aula.

"Inclusivismo, que é o inclusivismo? A criança com deficiência era colocada dentro de uma sala de alunos sem deficiência. Ela não aprendia. Ela atrapalhava o aprendizado dos outros porque a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para poder dar a ela atenção especial", declarou o ministro da Educação.

 

Universidade para poucos 

 

O pastor Milton Ribeiro, ministro da Educação de Jair Bolsonaro, escancarou a face elitista do governo e afirmou que “a universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade”. A declaração foi feita em entrevista ao programa “Sem Censura”, na TV Brasil.

“Tem muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande”, disse Ribeiro.


"Reitor não poder Lulista" 

 

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, declarou em entrevista ao programa "Sem Censura" que um reitor de universidade pública não precisa ser bolsonarista, mas não pode ser esquerdista ou lulista.

"Um reitor de uma universidade que seja, eu não digo que… ele não precisa ser bolsonarista, mas não pode ser esquerdista, não pode ser, já que falamos nome, não pode ser lulista".

 

Censura no MEC 

 

O Inep, ligado ao ministro da Educação Milton Ribeiro, usou a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sancionada por Jair Bolsonaro em 2020, para ocultar microdados do Enem.

A medida impede que pesquisadores, governos e a sociedade civil saiba, por exemplo, qual o impacto da pandemia na educação brasileira. Nem quantas crianças com deficiência estão nas escolas ou quantas horas trabalham os professores.

"O que está havendo na educação não tem precedentes. Primeiro um desmonte da área, agravado por uma pandemia e seguido por uma ausência completa de políticas públicas", disse Mercadante à Fórum.