Os pastores apontados como lobistas do esquema no Ministério da Educação (MEC), que teve até pedido de propina em ouro, Gilmar Santos e Arilton Moura, tiveram encontros com o presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio do Planalto e também se reuniram com ministros do governo. Os pastores são acusados de pedirem propinas em troca de liberação de recursos no MEC para escolas e creches.
Segundo levantamento do jornal O Globo, Bolsonaro se reuniu com os pastores três vezes no Palácio do Planalto e uma no Ministério da Educação, junto com Milton Ribeiro. Em 2019, foram dois encontros com outras lideranças evangélicas. Já em 2020, Bolsonaro recebeu o pastor Gilmar Santos em seu gabinete para uma audiência a sós. No mesmo dia, após sair da reunião com o presidente, o pastor se reuniu com o ministro da Educação, Milton Ribeiro.
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No ano passado, os pastores estiveram juntos com o presidente e o ministro num evento do MEC. Os religiosos, acusados de fazerem parte de um "gabinete paralelo" no ministério, ainda tiveram encontros com outros ministros do governo Bolsonaro: o ex-ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ministro Ciro Nogueira. Até o vice-presidente Hamilton Mourão chegou a receber o pastor Gilmar na ausência de Bolsonaro.
Em áudio vazado, ministro revela que Bolsonaro pediu "prioridade" para pastores no MEC
Um áudio revelado pela Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (21) mostra o ministro Milton Ribeiro dizendo que o presidente Jair Bolsonaro pediu que o MEC priorizasse os pedidos feitos por Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, onde Arilton Moura é assessor.
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"A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar. [...] Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar", diz Ribeiro na conversa.
Pastor do MEC pediu 1 kg de ouro em troca de recursos para cidade, diz prefeito
Gilberto Braga (PSDB), prefeito de Luis Domingues (MA), afirmou nesta terça-feira (22) que o pastor Arilton Moura o pediu propina de 1 quilo de ouro para liberar recursos MEC destinados à construção escolas e creches em sua cidade.
"Ele (Arilton Moura) disse: ‘Traz um quilo de ouro para mim’. Eu fiquei calado. Não disse nem que sim nem que não (...) Ele disse que tinha que ver a nossa demanda, de R$ 10 milhões ou mais, tinha que dar R$ 15 mil para ele só protocolar (a demanda no MEC). E na hora que o dinheiro já estivesse empenhado, era para dar um tanto, X. Para mim, como a minha região era área de mineração, ele pediu 1 quilo de ouro”, relatou o prefeito ao Estadão.