Um áudio revelado pela Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (21) reforça a tese de que o Ministério da Educação (MEC) foi tomado por um gabinete de pastores que movimentos os recursos de acordo com seus interesses pessoais. Gravação mostra o ministro Milton Ribeiro assumindo que o presidente Jair Bolsonaro pediu que o MEC priorizasse os pedidos feitos por Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB).
"A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar. [...] Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar", diz Ribeiro na conversa.
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O áudio revelado em reportagem de Paulo Saldaña, na Folha, foi gravado durante conversa do ministro com prefeitos, Gilmar e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da CGADB. Arilton seria, junto de Gilmar, outro membro do chamado "gabinete paralelo" de pastores.
Milton Ribeiro é pastor da Igreja Presbiteriana. Antes de assumir o MEC, o pastor possuía uma série de vídeos no YouTube falando atrocidades que já demonstravam completa incompatibilidade com o cargo.
Em um dos vídeos, por exemplo, intitulado “uma sociedade deteriorada”, Ribeiro opinava sobre liberdade sexual e ataca universidades. “Depois daquilo que chamam de revolução sexual dos anos 60, com a chegada da pílula e de uma liberdade maior nessa área sexual, o mundo perdeu a referencia do que é certo e do que é errado em termos de conduta sexual”, dizia o ministro.
Em outro vídeo, intitulado “A Vara da Disciplina”, Ribeiro afirmava que é preciso “deixar marcas” nos filhos para educar. “Não dá para argumentar de igual para igual com criança, senão ela deixa de ser criança. Deve haver rigor, severidade. Vou dar um passo a mais, talvez algumas mães até fiquem com raiva de mim: deve sentir dor”, declarou o pastor.
Ouça à gravação em que Milton Ribeiro admite privilegiar pastores no Ministério da Educação: