A deputada federal Marília Arraes (PT-PE) se reuniu, nesta segunda-feira (21), com o ex-presidente Lula (PT) em São Paulo. De acordo com fontes próximas à parlamentar, a conversa com o ex-presidente teve um tom mais decisivo. “Ela viajou para atender um pedido especial de Lula e Gleisi [Hoffmann, presidenta do PT]. Ela já sabia o que iria dizer ao presidente”, afirmou um interlocutor.
Prestes a sair do PT, Marília já possui costuras para concorrer ao governo de Pernambuco. O partido escolhido deve ser o Solidariedade que, caso o acordo se consolide, ficará sob seu comando. Durante o encontro com Lula, Marília externou seus sentimentos sobre as decisões da executiva estadual do PT, especialmente sobre ter levado seu nome à mesa sem sua consulta prévia. “Ela foi ouvida e também deu respostas. Foi uma conversa que focou em sua trajetória e o que ela poderia agregar sendo governadora de Lula em Pernambuco”, cravou fonte à Fórum.
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Na chapa de Marília podem estar presentes o deputado federal André de Paula (PSD) - até então membro aliado da Frente Popular, liderada pelo PSB, que possui candidato ao governo -, além do já pré-candidato ao cargo de deputado estadual, Victor Fialho (PT).
André, inclusive, deve trocar a vaga do Senado na Frente Popular para compor chapa com Marília - que, em tese, lhe “transferiria” os votos ao cargo.
Encontro com Lula
Após o encontro com o ex-presidente, Marília postou uma foto nas redes informando que foram discutidos quadros nacionais e locais, incluindo a situação que ela se encontra em Pernambuco. “As alternativas que se colocam no Estado, reafirmando o compromisso com a candidatura do presidente Lula para reconstruir o país”, escreveu.
Desgastes
Já há algum tempo que Marília Arraes aponta episódios de crise com o PT. Em 2018, o partido decidiu retirar o nome da parlamentar da disputa para apoiar a reeleição de Paulo Câmara (PSB) ao governo de Pernambuco. Já em 2020, quando lançou sua candidatura à prefeitura do Recife, a parlamentar contou com a ajuda financeira e com o aval da executiva nacional.
Em fevereiro de 2021, logo após a sua eleição para a Mesa Diretora na Câmara, a tendência do PT Avante de Sergipe - que tinha um candidato escolhido pela sigla para concorrer ao cargo que fora angariado por Marília -, repudiou a atitude da petista de lançar uma candidatura avulsa. A eleição da deputada, segundo aponta a nota divulgada à época pelo movimento, foi um ato de “conduta infiel que reafirma a postura individualista da parlamentar pelo estado de Pernambuco”.
Em março de 2021, após reunião interna, a executiva nacional do PT decidiu, por 16 votos a 4, abrir um processo na Comissão de Ética da sigla contra Marília. O processo foi aberto devido aos últimos comportamentos da petista nos âmbitos federal e municipal. A parlamentar poderia sofrer advertências e, até, em último caso, uma eventual expulsão da legenda. À época, fora decidido pela não expulsão.