Durante encontro com mulheres que militam em movimentos sociais e em partidos políticos do campo progressista (PT, PSB, PSOL, PCdoB, Rede e PV), o ex-presidente Lula (PT) voltou a defender a ampliação da participação feminina na política e sugeriu a adoção de um modelo de paridade de gênero nas eleições no Brasil.
O ex-presidente comentou durante o “Mulheres com Lula para Reconstruir o Brasil” sobre sua ida ao México e alta presença feminina na política do país, onde 52% das vagas na Câmara Federal e nos parlamentos estaduais são ocupadas por mulheres. No senado, elas já passam de 46% e também comandam 35% dos governos estaduais e 24% dos municipais.
Lula destacou que isso só foi possível após uma reforma política que estabeleceu um modelo de listas paritárias entre homens e mulheres e sinalizou apoio à adoção a uma medida semelhante no Brasil para as eleições legislativas. Desde 2014, o México possui uma lei que garante a paridade de gênero nas listas para o Congresso. Em maio de 2019, houve uma reforma constitucional que ampliou o horizonte e implementou a equidade em todos os cargos públicos e órgãos federais.
"Precisamos começar a pensar em como é que a gente vai fazer para essa paridade chegar ao Brasil. Se vai depender da campanha individualizada de cada um, se vai depender de precisar viajar 600 km pra ter um voto, ou se a gente vai propor uma reforma política em que na lista já garanta a paridade de participação, senão a gente vai passar o resto da vida se queixando", declarou.
O ex-presidente disse que é difícil ampliar a participação de mulheres e de pessoas negras na política com a atual configuração do sistema político, onde, segundo ele, os partidos viraram máquinas para dividir o fundo eleitoral.
"Como que a gente vai construir a possibilidade de a sociedade voltar a se governar? Quando é que as mulheres vão ter 50%, 60% no Congresso Nacional? Quando elas vão ter maioria na Câmara de Vereadores? Quando a gente vai garantir que as instituições tenham paridade? Acho que a gente precisa pensar diferente", afirmou.
Atualmente, o sistema eleitoral brasileiro não adota o sistema de listas partidárias fechadas, mas seria possível uma distribuição de cargos de acordo com as nominatas partidárias até mesmo em listas abertas.
Assista à fala de Lula sobre a paridade de gênero, a partir de 1h46min: