IGREJA CATÓLICA

Em ano eleitoral, CNBB escolhe Educação como tema da Campanha da Fraternidade

Em carta em 2020, 152 bispos da igreja Católica criticaram o "desprezo pela educação" e as trocas de ministros feitas por Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro e o ministro da Educação, Milton Ribeiro.Créditos: Reprodução/Twitter Milton Ribeiro
Escrito en POLÍTICA el

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) escolheu a educação como tema principal a ser abordado na Campanha da Fraternidade no ano eleitoral de 2022. A campanha com o tema "Fraternidade e Educação" será lançada nesta quarta-feira (2) em evento virtual a partir das 10h nas redes sociais da entidade.

Um dos principais alvos de críticas do governo Jair Bolsonaro (PL), que busca aparelhar o ministério de forma ideológica, com pautas retrógradas, enquanto privilegia o setor privado, a educação já foi alvo de manifestações da própria CNBB e de religiosos progressistas ligados à Igreja Católica.

Em "Carta ao Povo de Deus", divulgada em julho de 2020, 152 bispos, arcebispos e bispos eméritos do Brasil colocam a educação no centro das críticas relacionadas aos "interesses político-partidários, econômicos, ideológicos ou de qualquer outra natureza" provocados "pelo Presidente da República [Jair Bolsonaro] e outros setores da sociedade, resultando numa profunda crise política e de governança".

"O desprezo pela educação, cultura, saúde e pela diplomacia também nos estarrece. Esse desprezo é visível nas demonstrações de raiva pela educação pública; no apelo a ideias obscurantistas; na escolha da educação como inimiga; nos sucessivos e grosseiros erros na escolha dos ministros da educação e do meio ambiente e do secretário da cultura; no desconhecimento e depreciação de processos pedagógicos e de importantes pensadores do Brasil", diz trecho da carta.

Em fevereiro do ano passado, a Comissão Justiça e Paz da Regional Sul 1 da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), emitiu nota apoiando o impeachment de Bolsonaro.

Entre as justificativas, a regional, que agrega paróquias de São Paulo, diz que "estamos indignados e atônitos diante da condução do nosso destino como povo e como nação".

"Fora Bolsonaro. Por quê? Não honra os compromissos de defesa da vida dos brasileiros, fustiga as populações marginalizadas, expressa em palavras e atos práticas supremacistas brancas, antifeministas, homofóbicas, preconceituosas e faz da mentira o conteúdo de suas comunicações cotidianas", afirma.

Educação não apenas como ato escolar

Na campanha de 2022, o tema - que já foi abordado em 1982 e 1988 - será trabalhado em uma perspectiva ampla, e "mais do que abordar outro aspecto específico da problemática educacional, vai refletir sobre os fundamentos do ato de educar na perspectiva católico-cristã".

"A CF 2022 é impulsionada pelo Pacto Educativo Global, convocado pelo Papa Francisco. Na carta convocação ao Pacto, o Santo Padre apresenta elementos constitutivos de uma educação humanizada que contribua na formação de pessoas abertas, integradas e interligadas, que também sejam capazes de cuidar da casa comum", diz o texto de apresentação no site da CNBB.

Segundo a confederação, foi “a realidade de nossos dias que fez com que o tema educação recebesse destaque, um tempo marcado pela pandemia da Covid-19 e por diversos conflitos, distanciamentos e polarizações”.