O ex-presidente Lula deve voltar no fim de outubro a Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, com uma missão muito clara: estreitar laços com a Igreja Católica e com os fiéis.
Políticos do estado buscam conciliar as agendas para um encontro entre Lula e o atual presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira, que é arcebispo metropolitano de Belo Horizonte.
Nascido em Salvador, dom Walmor é uma das principais vozes dentro da cúpulla católica contra as políticas predatórias de Jair Bolsonaro.
O religioso é próximo ao Papa Francisco e lançou no ano passado a campanha Amazonia-te contra o genocídio dos povos indígenas pela inação do governo federal contra a Covid-19 e “a violação sistemática da legislação de proteção ambiental e desmonte dos órgãos públicos, com atuação intencional do governo para desregulamentar e ampliar – de forma ilegal – a atuação das mineradoras, agronegócio, madeireiras e pecuaristas na região”.
Na última semana, dom Walmor esteve novamente no Vaticano participando do Sínodo, assembleia com bispos de todo o mundo onde o papa impôs a discussão com fiéis de uma pauta claramente progressista em temas como ordenação de mulheres, homossexualidade e divórcio.
Além de dom Walmor, o bispo Auxilar da Arquidiocese de Belo Horizonte, dom Vicente Ferreira confronta diretamente Jair Bolsonaro nas redes sociais.
Membro das Comissões de Ecologia Integral e Mineração e Cultura e Educação da CNBB, dom Vicente afirmou na segunda-feira (11) que "derrubar esse presidente é uma questão urgente". Nesta terça-feira (12), o bispo voltou a criticar Bolsonaro, dessa vez pela participação do presidente na missa em Aparecida.
"Nossa Senhora Aparecida. Festa da padroeira do Brasil. Maria, dos pobres e pequenos. Muitos discursos, hoje, contra o desgoverno que aí está. No entanto, ninguém disse o nome. Mãe, o que está acontecendo será medo? No Santuário de Aparecida, houve “fora genocida”? Tomara,oh Deus!", tuitou.
Vencer resistências na Fiemg
Outro desafio que está sendo enfrentado por Lula em Minas Gerais é vencer a resistência do empresariado, claramente alinhado com o governador Romeu Zema (Novo) e, consequentemente, com Jair Bolsonaro.
Para iniciar um diálogo com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), no entanto, Lula conta com um trunfo: as boas relações que mantém com Josué Gomes, filho de José Alencar.