Rodrigo Neves (PDT), ex-prefeito de Niterói e pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, deixou claro que, pelo menos a princípio, não vê a possibilidade de uma união com Marcelo Freixo (PSB), outro pré-candidato progressista, na eleição de outubro ao principal cargo executivo no estado do Rio de Janeiro.
“Respeito muito o Marcelo Freixo, o conheço desde garoto. O pai dele era inspetor em uma escola onde meu pai dava aula. Ele tem um papel muito importante no processo democrático e na luta contra as milícias. Porém, cada um tem seu perfil”, declarou Neves, em entrevista ao Fórum Onze e Meia, nesta quarta-feira (9).
“Ele tem dificuldade enorme em construir alianças, além de não ter experiência no exercício de cargos executivos. A situação no Rio é dramática”, destacou.
O pré-candidato afirmou, ainda, que a questão do combate às milícias, por mais importante que seja, não resolve todos os problemas do estado, conforme, segundo ele, apregoa Freixo.
“Não podemos confundir causas com consequências. Questões como desemprego e outros aspectos da crise estrutural no Rio precisam ser resolvidas. Hoje, há um esvaziamento econômico, uma desorganização produtiva e urbana no estado, que começou há 40 anos, mas que se agravou nos últimos cinco anos, com Temer e Bolsonaro”, ressaltou Neves.
“Cerca de 60% da nossa força de trabalho está desempregada ou atuando no mercado informal, temos a pior situação em relação à pandemia, registramos as maiores taxas de letalidade do mundo e mais de 50% do território do estado pertencem às milícias e gangues do tráfico. Esta será a eleição mais importante da história desde a criação do estado. Por isso, é fundamental construir uma ampla aliança, envolvendo esquerda, centro-esquerda e centro. Caso contrário, não derrotaremos o bolsonarismo”, apontou.
O ex-prefeito de Niterói defendeu a aliança com o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). “É muito importante. Ele tem muita força na cidade do Rio e carrega a marca do bom gestor. É preciso diálogo amplo, pois sem isso corremos o risco de não eleger governador e senador progressistas”, alertou.
Neves elogia Ciro Gomes e Lula
Questionado sobre a eleição presidencial, Neves, que é do partido de Ciro Gomes, mas já foi do PT, não entrou em detalhes e elogiou tanto o pedetista quanto o candidato petista.
“O Ciro está muito preocupado com a questão tributária, com o imposto sobre grandes fortunas, que precisam ser debatidos. E o Lula é o maior líder popular da história do Brasil. É fundamental manter o diálogo”, disse.
A Lava Jato agravou a crise econômica e social no Rio
Rodrigo Neves também criticou a Lava Jato. “A crise no Rio existe desde a formação do estado, na década de 70. O Rio é o estado mais metropolizado do país e a maioria da população se espreme na área urbana”, relatou.
Ele citou um exemplo da transformação do estado ao longo dos anos. “São Gonçalo, que é a segunda cidade em população, era o quinto município do país em bases industriais nos anos 70/80. Hoje, não existe mais nada. É um território comandado pelas milícias e pelo tráfico”.
Neves afirmou que a Lava Jato “agravou esse problema”. “Em vez de investigar a corrupção, eles quebraram as empresas”, o que facilitou a penetração das milícias.