Um dos responsáveis por aprovar projetos como a série documental “O Caso Celso Daniel", sobre a morte do ex-prefeito petista, Erick Brêtas, diretor de produtos e serviços digitais da Globo, compartilhou postagens e esteve presente em manifestações antipetistas organizadas pelo MBL (Movimento Brasil Livre) em 2018.
Segundo reportagem do NaTelinha, Brêtas publicou em sua página no Facebook um evento organizado pelo grupo em 3 de abril de 2018 com o título "Ou você vai, ou ele volta" - contra o retorno de Lula à presidência. "Vamos", escreveu o chefão da Globoplay.
Ele também compartilhou imagens dele próprio na manifestação, que ocorreu dias antes do ex-presidente petista ser preso por um lawfare organizado pela Operação Lava Jato. Naquele período, Lula liderava com mais de 40% das intenções de voto, segundo o Datafolha.
Em 2015, Brêtas apoiou abertamente o golpe contra Dilma Rousseff. Em seu perfil no Facebook, ele chegou a substituir sua foto de exibição por uma em que se lia "Game Over". Em outro momento, ele convocou a população a protestar pelo impeachment escrevendo a frase "Get up, stand up".
Globo nega ser antipetista
À reportagem do NaTelinha, a Globoplay negou que Brêtas tenha participado da manifestação contra Lula, mas confirmou que ele ia a protestos "contra a corrupção". Além disso, afirmou que o executivo e a plataforma de streaming não são antipetistas.
Em relação ao documentário do caso Celso Daniel, lançado justamente no ano das eleições, a Globoplay disse que não houve envolvimento da plataforma ou de Erick Brêtas na série. Mesmo assim, a assessoria fez questão de afirmar que a produção tem sido elogiada por vários segmentos da sociedade.
No Twitter, o próprio Brêtas teve de responder diretamente a críticas pelo lançamento do filme num ano eleitoral. Além disso, tanto ele quanto a Globo foram acusados de partidarização. "Não tem isso de prejudicar o PT não. Assiste aí o doc e me diz sua opinião", respondeu o diretor a um internauta.
Ex-delegado entrevistado no documentário nega envolvimento do PT
O ex-delegado Marcos Carneiro Lima, que esteve no centro do caso e é um dos entrevistados do documentário disponível na Globoplay, afirmou em entrevista exclusiva à Revista Fórum que concordou em participar do projeto para apresentar a versão correta dos fatos.
“É um serviço público para a sociedade, a defesa implacável do direito à informação, isso é importantíssimo, dá voz ao outro lado."
Além disso, foi categórico ao dizer que o crime não teve envolvimento do PT ou de outros políticos e que a narrativa de que Celso Daniel teria sido morto a mando de dirigentes do partido foi alimentada por boa parte da mídia para “enfraquecer um partido e uma pessoa que imaginavam que a sociedade brasileira jamais colocaria no poder”.
“Quiseram associar a ideia que era um partido que mandava matar quem contrariava”, pontuou o ex-delegado.