Depois de 5 anos e meio, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), reconhece em artigo que o "motivo real" do impeachment de Dilma Rousseff (PT) foi "perda de sustentação política".
"A justificativa formal foram as denominadas 'pedaladas fiscais' —violação de normas orçamentárias—, embora o motivo real tenha sido a perda de sustentação política", afirmou Barroso em artigo que será publicado na edição de lançamento da revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
A declaração comprova que houve um golpe parlamentar para tirar Dilma da Presidência em agosto de 2016, alçando o poder o vice, Michel Temer (MDB), que desencadeou imediatamente medidas neoliberais e para favorecimento de grandes petrolíferas privadas.
No texto, divulgado em parte pela coluna de Mônica Bergamo, na edição desta quinta-feira (3) da Folha de S.Paulo, ainda discorre sobre o conluio do Congresso com Temer.
"O vice-presidente Michel Temer assumiu o cargo até a conclusão do mandato, tendo procurado implementar uma agenda liberal, cujo êxito foi abalado por sucessivas acusações de corrupção. Em duas oportunidades, a Câmara dos Deputados impediu a instauração de ações penais contra o presidente", escreve o presidente do TSE.
O golpe fez parte do processo que levou Jair Bolsonaro (PL) ao poder.
Em julho de 2021, Barroso já havia dito que não havia "dúvida razoável de que ela [Dilma] não foi afastada por crimes de responsabilidade ou corrupção, mas, sim, foi afastada por perda de sustentação política. Até porque afastá-la por corrupção depois do que se seguiu seria uma ironia da história".
Na ocasia, no entanto, ele afirmou que que não acha que, "do ponto de vista jurídico, tenha sido um golpe [contra Dilma], porque se cumpriu a Constituição".