Depois da pressão em virtude das acusações de fazer uso político da Polícia Federal (PF), Paulo Maiurino foi demitido por Jair Bolsonaro (PL) da direção-geral da instituição, nesta sexta-feira (25). O substituto já foi escolhido: Márcio Nunes de Oliveira, que era superintendente regional da PF no Distrito Federal.
A mudança já foi, inclusive, publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), na tarde desta sexta, e é assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Maiurino, escolha de Bolsonaro, foi o terceiro diretor-geral da PF no atual governo.
Antes dele, estiveram no cargo os delegados Maurício Valeixo, que saiu no episódio que provocou a demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça, e Rolando Alexandre, segunda opção de Bolsonaro, depois que Alexandre Ramagem foi barrado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro da Justiça, Anderson Torres, confirmou, pelo Twitter, que convidou Maiurino para assumir a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), subordinada à pasta.
“Bolsonaro provou que é possível aparelhar a PF”, diz Alexandre Saraiva
Na última semana, o delegado da PF, Alexandre Saraiva, havia ingressado com uma representação contra Maiurino, por considerar que ele fez uso político da instituição. O então diretor-geral determinou a divulgação de uma dura nota, com o objetivo de desmentir declarações de Sergio Moro (Podemos).
“A manifestação do diretor-geral da PF foi absolutamente inadequada. Ainda mais sendo Maiurino o gestor máximo de um dos órgãos mais importantes para a segurança e apuração de responsabilidades por crimes eleitorais. Qualquer órgão da persecução penal deve ser e parecer imparcial”, afirma Saraiva.
“Estou há 18 anos na PF e nunca vivenciei momento tão tenebroso para a instituição. Mais de duas dezenas de policiais foram afastados dos seus cargos tão somente por estarem realizando seu trabalho”, acrescenta.
Com isso, ele argumenta que Bolsonaro aparelhou a instituição.
O próprio Saraiva foi demitido do comando da PF no Amazonas, após pedir investigação do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
Moro foi ministro da Justiça de Bolsonaro e deixou o governo em abril de 2020, acusando o presidente de interferir politicamente na PF para blindar aliados. A acusação deu origem a um inquérito que tramita até hoje, sob a relatoria de Alexandre de Moraes, no STF.