Preocupado com a liderança de Lula (PT) nas pesquisas eleitorais e com o fato de que parte do mercado financeiro já vê com bons olhos um retorno do petista à presidência, Jair Bolsonaro (PL) elevou o tom de voz, mentiu, atacou o ex-presidente, as urnas eletrônicas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante conferência promovida pelo banco BTG Pactual nesta quarta-feira (23).
Bolsonaro participou do evento através de videoconferência. Ele estava no Palácio do Planalto com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Ciro Nogueira (Casa Civil). Antes de responder a perguntas do mediador, o presidente resolveu fazer uma "introdução" de improviso.
Demonstrando certo desespero, Bolsonaro, sem citar o nome de Lula, listou inúmeras medidas que "o outro lado" adotaria caso chegasse à presidência. Disse que o petista, se eleito, vai revogar as reformas trabalhista e da previdência, além do teto de gastos, e ainda sugeriu que o ex-presidente vai "legalizar as drogas, o aborto, se reaproximar de Cuba e de outras ditaduras".
"Se isso tudo fosse colocado em prática como estaria a economia do Brasil? (...) É isso o que querem?!", perguntou, impondo uma narrativa de medo aos banqueiros.
"Vamos de novo ficar ao lado do abismo? É uma ida sem retorno, todos tem que ter responsabilidade. Não pensem que tenho apego à cadeira. Mas tenho compromisso, Deus me colocou e só Deus me tira. O outro lado já conhecemos (...) Tem gente que quer que essa porcaria volte para cá", esbravejou.
STF e eleições
Ao longo de seu discurso, o presidente ainda voltou a atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ao afirmar que "nossa liberdade está ameaçada por alguns atores", fazendo referência à prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes. "Não vai ser o chefe do Executivo que vai jogar fora das 4 linhas. São 2 ou 3 que esticam a corda", disparou.
Como se não bastasse, Bolsonaro retomou sua narrativa de colocar em xeque a segurança das urnas eletrônicas, citando o antigo "voto no papel", e sinalizou que não vai aceitar o resultado das eleições em caso de derrota. "É isso que queremos para o Brasil? Dá para deixar tudo rolar numa boa, quem chegar, chegou e tudo bem?", questionou.
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