VIAGEM SUSPEITA

Randolfe vai ao STF para saber o que o Gabinete do Ódio foi fazer na Rússia

Randolfe quer agendas detalhadas e tomada de depoimentos de Carlos Bolsonaro e Tercio Arnaud; senador aponta risco de integridade às eleições brasileiras, visto que a Rússia é conhecida por promover ataques hackers

Carlos com Jair Bolsonaro na Rússia.Créditos: Alan Santos/PR
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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou uma petição junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (18), solicitando que a Corte investigue as circunstâncias da recente viagem de Jair Bolsonaro (PL) à Rússia e à Hungria, especialmente a motivação da ida do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e do assessor Tercio Arnaud. 

Tanto Carlos como Arnaud são integrantes do chamado "Gabinete do Ódio", grupo composto por bolsonaristas que dissemina ataques a opositores e notícias nas redes sociais. A petição de Randolfe foi encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que apura a organização de atos antidemocráticos e contra as instituições. 

Segundo o senador, as presenças de Carlos Bolsonaro e Tércio Arnaud na viagem à Rússia e Hungria levantam suspeitas, visto que, a pedido do governo russo, a comitiva brasileira teve que ser reduzida, deixando de contar com a presença, por exemplo, de ministros como Paulo Guedes (Economia) e Tereza Cristina (Agricultura). "Esses foram preteridos para manutenção das presenças questionáveis do vereador internacional Carlos Bolsonaro e do 'especialista' internacional Tercio Arnaud, que estariam tendo agendas bastante estranhas em solo russo", escreve Randolfe. 

Na peça encaminhada ao STF, Randolfe lembra que Carlos Bolsonaro é vereador pelo Rio de Janeiro e que Tercio Arnaud é dono de uma das 88 contas no Brasil que foram suspensas pelo Facebook e pelo Instagram por infringir as regras de conduta dessas redes sociais. 

Para o parlamentar, a falta de publicidade das agendas de Bolsonaro e dos integrantes da comitiva na Rússia causa estranhamento e traz suspeitas de que o objetivo da viagem fosse articular algum tipo de plano para influenciar nas eleições deste ano. 

"A origem dos principais ataques hackers é a Rússia, comprovadamente envolvida com a votação do Brexit em 2016 e as eleições norte-americanas em 2016 e 2020. Ainda, não é demais destacar que o Presidente incrementou seus ataques ao sistema eleitoral brasileiro, passando inclusive a se utilizar de um pretenso argumento de autoridade baseado nas Forças Armadas para questionar novamente a sua integridade. Os planos do Presidente Jair Bolsonaro parecem cada vez mais claros, não sendo demais inquirir os reais interesses dessa agenda. Assim, fica o questionamento óbvio: qual a verdadeira razão para uma viagem à Rússia em momento internacional tão delicado, com uma comitiva sui generis, com ausência de ministros e a presença de numerosos integrantes de seu gabinete do ódio, e no início do ano eleitoral, cujo pleito, ao que indicam as pesquisas de intenções de votos e de rejeição ao governo até o presente momento, perderá?", questiona. 

Detalhamento das agendas e depoimentos 

Ao expor as suspeitas diante da viagem à Rússia com integrantes do gabinete do ódio, Randolfe solicita que o ministro Alexandre de Moraes tome depoimentos de Carlos Bolsonaro e Tercio Arnaud. 

Além disso, pede para que Moraes mande a presidência enviar a relação nominal dos integrantes da comitiva, a agenda individualizada de cada um dos integrantes com a exposição sumária dos temas tratados e das contrapartes envolvidas,  resultados individualizados e concretos.