ELEIÇÕES 2022

Bolsonaro faz uso político da PF e Moro arrasta corporação para eleições

Retuitado por Moro, Alexandre Saraiva, que foi demitido do comando da PF no Amazonas após pedir investigação de Salles, entrou com ação no TSE e Corregedoria da PF

Paulo Maiurino e Jair Bolsonaro.Créditos: Presidência da República
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Motivo de seu pedido de demissão do Ministério da Justiça, a interferência política na Polícia Federal foi arrastada por Sergio Moro (Podemos) para o centro do embate eleitoral contra o ex-chefe, Jair Bolsonaro (PL), a quem fez a acusação - sem apresentar provas depois - ao deixar o governo.

Nesta quarta-feira (16), a Polícia Federal confirmou que a nota pública que fala que o ex-juiz "mente", "faz ilações" e desconhece o órgão foi divulgada foi uma determinação do diretor-geral da corporação, Paulo Maiurino.

O texto rebatia as críticas de Moro a gestão da PF quando disse que "hoje não tem ninguém no Brasil sendo investigado e preso por grande corrupção".

Demitido da Superintendência da PF no Amazonas após enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra o então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles por organização criminosa e favorecimento a madeireiros, Alexandre Saraiva entrou com representação na Corregedoria da PF e no Tribunal Superior Eleitoral pedindo a investigação de Maiurino por uso eleitoral da corporação.

“Ao assim agir, o DPF Maiurino manifesta possíveis objetivos de cunho eleitoral, conduta gravíssima”, afirma, considerando que a PF tem “atribuição de polícia judiciária no processo eleitoral”, afirma na peça.

"Prezados.... demorou um pouquinho, mas foi.... Fiz dois documentos com mesmo conteúdo, conforme já postado mais cedo. Um foi dirigido à Corregedoria Geral da PF e o outro ao Presidente do TSE. Exmo. Ministro Luís Roberto Barroso. Agora é confiar na Justiça", afirma em tuite.

Moro usa tuite de Saraiva

Ao reagir à nota de Maiurino, Moro fez um tuite próprio, que diz que "respeito muito a PF, os delegados, agentes, escrivães, peritos, papiloscopistas e servidores" e que esse momento vai passar.

Em seguida, ele compartilhou tuite em que Saraiva contesta a nota da PF com matéria do Jornal Nacional sobre supostos desvios de verbas para combate à enchente na região serrana do Rio, onde mais de 100 pessoas morreram por causa das chuvas.

"Nota da PF de ontem: "Vale ressaltar que a Polícia Federal vai muito além da repressão aos crimes de corrupção." Qual a relação com a tragédia em Petrópolis? Em 2011 o crime  drenou os recursos destinados à prevenção", diz Saraiva no tuite compartilhado por Moro.

Maiurino e uso política da PF

Desde que Maiurino foi alçado à direção da PF por Bolsonaro, cerca de 20 delegados foram afastados de postos-chave da PF.

Entre as mudanças feitas na corporação, em São Paulo Rodrigo Bartolamei, que até 2019, ocupava o posto de plantonista da PF no Rio de Janeiro, assumiu o comando. O pai dele é um general próximo de Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, onde o delegado também já trabalhou.

Outra delegada, Dominique de Catro Oliveira foi afastada do comando da corporação junto à Interpol, após pedir a extradição do blogueiro Allan dos Santos, investigado no inquérito das fake news e das milícias digitais.