O otimismo de investidores internacionais com um eventual novo governo de Lula (PT) foi atestado por mais um representante do mercado financeiro. Nesta terça-feira, Rogério Xavier, sócio da gestora de fundos SPX Capital, afirmou que investidores estrangeiros preferem o ex-presidente a Jair Bolsonaro (PL).
"As pessoas gostam do Lula aqui fora e não gostam do Bolsonaro. É um fato isso", disse Xavier, que mora em Londres (Reino Unido), durante evento online promovido pelo banco Credit Suisse nesta terça-feira (1).
Segundo o investidor, no mercado financeiro internacional se especula que Lula faça um governo mais ao centro no âmbito político, o que ele, particularmente, não acredita. Mas adiciona: "É assim que o investidor estrangeiro vê o Brasil. Melhor com o Lula no poder. Já eu não vejo uma gestão petista fazendo grandes transformações no país".
"Os investidores estrangeiros veem a troca de poder, supondo que a eleição do Lula esteja bem encaminhada, como um Lula responsável, que vai se dirigir ao centro, e que, apesar de falar contra o teto de gastos, vai arrumar um arcabouço fiscal para colocar no lugar", pontua Xavier.
No mesmo evento, Luis Stuhlberger, presidente-executivo e diretor de investimentos da Verde Asset Management, afirmou que Lula "quase já ganhou" as eleições deste ano e que o petista não deve fazer um governo "radical".
“Não acho que um Lula sindicalista e radical vai predominar", declarou.
"Sinalização ao centro atrai investimentos"
O fato do ex-presidente Lula (PT) cogitar uma chapa com Geraldo Alckmin (sem partido) para concorrer à presidência e suas conversas com figuras do centro político brasileiro têm animado o mercado financeiro internacional. Em entrevista à Bloomberg, o sócio da gestora de fundos de investimentos Gauss Capital, Carlos Menezes, afirmou que a movimentação do petista vêm embalando a entrada de recursos estrangeiros no país.
“Lula vindo com um discurso mais centrista de certa forma reduz o risco de cauda de radicalismo caso ele vença a eleição”, disse Menezes.
Segundo o gestor, o investidor estrangeiro tem apostado na tese de um futuro governo Lula não-radical, o que tem o feito ficar mais otimista que o investidor local.
A declaração de Menezes vem um dia após Lula afirmar, em entrevista, que confia em Alckmin para ser seu candidato a vice e que uma chapa entre os dois seria “bom para o país”.
Ex-presidente do Credit Suisse: “Bolsonaro oferece muito mais riscos do que Lula”
Copresidente do banco Credit Suisse nas eleições de 2002 quando Lula (PT) foi eleito Presidente da República pela primeira vez, Marcelo Kayath, que hoje atua no mercado financeiro administrando mais de R$ 1 bilhão em investimentos, diz que é Jair Bolsonaro (PL) quem apresenta mais riscos em relação ao processo eleitoral de outubro.
“O risco é fiscal e, nesse ponto, Bolsonaro oferece muito mais riscos do que Lula”, disse em entrevista ao Valor Econômico nesta terça-feira (25).
Kayath afirmou que “ninguém acha que ele [Lula] vai fazer uma loucura” e diz que deve votar em Lula – ele nunca votou no PT – para derrotar Bolsonaro. “Ele não é de direita, é maluco”.
“É um movimento contrário ao de Bolsonaro. Enquanto Lula, com lances como o de Alckmin, busca cativar o centro, o presidente não pode fazer a mesma coisa. Se moderar, perde sua base mais fiel que acredita ser capaz de levá-lo ao segundo turno”, emenda.