Lula chegou a Brasília neste domingo (4) para uma semana com encontros e decisões cruciais para chegar à diplomação, que acontece na próxima segunda-feira (12). Entre elas, estão a confirmação de José Múcio no Ministério da Defesa e a definição dos nomes dos três comandantes das Forças Armadas, enviando claro sinal à tentativa de Jair Bolsonaro (PL) de cooptar parte dos militares para um eventual golpe.
Nesta segunda-feira (5), o assessor de Joe Biden, Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, chega ao Brasil e tem agenda com Lula nesta terça-feira (6). Os dois devem tratar de temas como mudanças climáticas e segurança alimentar. O presidente eleito também deve abordar a perseguição dos EUA ao jornalista Julian Assange, além de iniciar conversas sobre parcerias futuras entre os dois governos.
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Antes, Sullivan encontrará com representantes do governo Jair Bolsonaro e também com o senador Jaques Wagner (PT-BA), um dos principais nomes do governo de transição. A viagem do representante de Biden ao Brasil tem como propósito ainda mostrar que os EUA rechaçam quaisquer tentativas de golpe no país, a exemplo do que Donald Trump tentou em Washington.
Comando das Forças Armadas
Para travar apoio de militares ao golpe, Lula pode divulgar nesta semana o nome de Múcio para a Defesa - mesmo sob críticas de setores progressistas -, além de divulgar nomes dos comandantes das Forças Armadas, com perfil discreto, para esfriar os ânimos de fardados que ainda tendem a apoiar as teorias conspiratórias de Bolsonaro.
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Lula deve adotar o critério de antiguidade e escalar o general quatro estrelas Júlio César de Arruda, de 63 anos, no comando do Exército. O militar foi ajudante de ordens do general Enzo Peri, comandante da Força de 2007 a 2015, durante a gestão petista. Ele ainda atuou como chefe do Comando de Operações Especiais nas Olimpíadas de 2016.
Na Aeronáutica, deve assumir o tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, também de 63 anos, que tem boa relação com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB). Ele chefia há quatro anos o Estado Maior da Aeronáutica, órgão de assessoramento direto do comando e responsável por planejamento, formação de militares e aparelhamento da Força, como os novos caças Gripen e a aeronave KC 390.
Na Marinha, Lula estuda dois nomes Renato Rodrigues Aguiar Freire, atual chefe do Estado Maior da Armada, e Marcos Sampaio Olsen, comandante de Operações Navais.
Pelo critério de antiguidade, o presidente eleito escolheria Aguiar Freire, de 63 anos, que atualmente chefia o órgão máximo de assessoria do comandante. Caso ele decida entrar para a reserva, Olsen, segundo mais antigo na força, assumiria.
PEC da transição e ministérios
Lula ainda deve atuar intensamente na articulação para aprovação da PEC da Transição. Chamada de PEC do Bolsa Família, por garantir o pagamento de R$ 600 aos beneficiários do programa em 2023, a proposta orçamentária deve entrar em votação nesta semana no Congresso. O objetivo do governo é deixar R$ 198 bilhões fora do teto de gastos para investir nos programas sociais.
Lula também receberá relatórios dos 31 grupos técnicos da transição, que vão auxiliar na definição dos nomes dos ministérios.
Na semana passada, o presidente eleito disse que já definiu 80% dos nomes para os ministérios, mas há ainda negociação com partidos que fizeram parte da frente ampla na campanha para chegar ao dia da diplomação com todo o ministério definido.