NOVO PLANO

MBL muda totalmente de estratégia em 2023 para não acabar de vez

Veja o que pretende para tentar garantir alguma significância o grupo de Kim Kataguiri e cia.

Créditos: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
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Surgido no bojo da convulsão política de 2013 e 2014 no Brasil, o  Movimento Brasil Livre (MBL), grupo formado majoritariamente de jovens homens da classe média, tem feito publicações manifestando a intenção de formar um partido político próprio a partir do ano que vem.

Nômade entre siglas como Podemos, Patriota e União Brasil, o autointitulado movimento ganhou espaço na esteira do lavajatismo inclusive por ser crítico à estrutura partidária. Afirmando ter membros filiados a partidos apenas para conseguir participar da vida institucional brasileira, mas mantendo autonomia de seus parlamentares em relação às legendas, há cerca de um ano, durante o seu 6º Congresso, vários líderes do MBL disseram que a criação de um partido não estava no horizonte. 

Refém

Entretanto, em postagens feitas nas últimas semanas, algumas das principais figuras no grupo têm defendido que o MBL não pode ficar refém de partidos argumentam se já tivessem criado uma sigla própria, poderiam ter obtido resultados diferentes nas eleições. Embora não tenha sigla, o MBL manteve a vaga que tinha na Câmara Federal com um de seus fundadores, Kim Kataguiri (União Brasil-SP), e elegeu Guto Zacarias (União Brasil) para a Assembleia Legislativa paulista. 

Antes de ser cassado, o deputado federal Arthur do Val (Podemos-SP), o Mamãe Falei, era uma das principais lideranças do movimento no estado, ao lado de Kataguiri, que por sua vez voltou a ter repercussão nas redes recentemente após participar de entrevista no canal Flow Podcast que levou o youtuber Monark a ser demitido e perder seu papel na sociedade do canal.

Partido nazista

O apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark, defendeu, em fevereiro deste ano, durante o Flow Podcast, a existência de um partido nazista no Brasil. EM resposta, o apresentador foi contestado pela deputada Tabata Amaral (PSB), mas recebeu apoio do também parlamentar federal Kim Kataguiri,o que afirmou achar errado que a Alemanha tenha criminalizado o nazismo depois da Segunda Guerra Mundial - ou seja, após o Holocausto, em que o regime comandado por Adolf Hitler foi responsável por um genocídio contra o povo judeu e milhões de mortes de pessoas pertencentes a outros grupos.

Em vídeo publicado no youtube sob o título "O MBL vai virar partido?", o influenciador Renan Santos, que compõe o grupo, defende a necessidade de fundar uma legenda porque "os partidos não dão espaço para lideranças de direita", alega. Ele explica que a legenda não será exclusivamente do MBL, nem terá este nome. Também diz que se for montado um partido, não será utilizado "um centavo de fundo partidário, não queremos essa merda" e que as lideranças que quiserem participar devem ter perfil liberal conservador e não ter interesse em tempo de TV ou fundo partidário. Ameaçando "roubar" quadros de outras agremiações, Renan Santos afirma no vídeo que há "muita gente que está perdida" em partidos como o PSL, o Novo, o PSC e o PSDB.

Fundo partidário

Em que pese o discurso purista de Renan, segundo reportagem do Valor Econômico, alguns dos membros do grupo já faziam internamente a defesa de aproveitar os recursos do fundo eleitoral, instrumento que sempre consideraram "imoral", para melhorar o desempenho eleitoral. Os argumentos utilizados para justificar o uso da verba pública são os de que somente campanhas muito grandes nas redes sociais conseguem se sustentar financeiramente com doações.

Além disso, entendem que as eleições 2022 demostraram que as pessoas não dão muita importância para a pauta. Ou seja, embora tenham defendido como um dos valores fundantes do grupo a defesa contra o uso de recursos públicos para financiar campanhas eleitorais, o grupo admite seu uso à medida que isso tende a trazer mais vantagens que desgastes.

Coach de militância

Em um outro vídeo, Renan Santos informa aos seus seguidores que a Academia MBL, plataforma de cursos pagos do grupo, será a base de formação do partido. "Seja membro que vamos treiná-lo. Em 2023, será um currículo até diferente para que você possa ser um fundador do partido, consiga as assinaturas junto com a gente, e para que você seja um dirigente partidário e candidato. O partido da nossa geração vai surgir e você vai fazer parte disso. O filtro de treinamento na Academia é parte disso", diz o influenciador.