Cobrado de todos lados para se pronunciar sobre os atos terroristas de seus seguidores na noite de segunda-feira (12), que levaram pânico a Brasília, o futuro ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria decidido a falar, indicam interlocutores do Planalto. Mas a pergunta que fica é: como assumir as atitudes dantescas de seus fãs ultrarradicais?
O problema está justamente aí. Enfiado num mar de declarações e posições sem qualquer nexo durante quatro anos de mandato, Bolsonaro deve insistir nas teses esdrúxulas e sem sentido para tentar se safar dos que questionam seu papel de liderança, e para muita gente até de incentivo, nos atos de violência de sua claque.
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Ele dirá que foi a esquerda.
Sim, esse será o discurso. Aliás, o que comprova o posicionamento é o fato de seus principais auxiliares no mundo político (os que sobraram) já estarem propagando tal teoria absurda, como ministro-chefe da Casa Civil Ciro Nogueira e o ex-chefe da Secom Fábio Wajngarten. A cantilena começa com um jargão tipicamente militar, a dos “infiltrados”.
Segundo tal versão, petistas e outros integrantes de movimentos e partidos de esquerda estariam inseridos deliberadamente dentro dos grupos bolsonaristas, vestidos como tais, e então promovendo vandalismo e outros crimes, o que “sujaria” o nome dos seus seguidores. Uma verdadeira versão conveniente.
No entanto, ao que parece, Bolsonaro terá dificuldade de emplacar tal tese, já que o próprio secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Danilo, seu aliado, assumiu em coletiva na noite dos atos terroristas, ao lado do futuro ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino, que de fato os terroristas, ou uma parte deles, saíram do acampamento bolsonarista instalado numa área militar que fica no perímetro do Quartel General do Exército na capital da República.