NOVO GOVERNO

De Boulos a MDB e André Lara Resende: quem são os confirmados na transição de Lula

Nomes da Economia e participação do MDB são destaque na definição dos 50 integrantes da equipe de transição

Gleisi Hoffmann (PT) e Baleia Rossi (MDB) em reunião e coletiva de imprensa sobre o processo de transição.Créditos: PT na Câmara
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Algumas confirmações de integrantes da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) movimentaram as apostas sobre possíveis ministros(as) e reforçam a característica de coalizão ampla demonstrada sobretudo no segundo turno das eleições.

Coordenada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), a equipe terá 50 cargos nomeados e contará ainda com a participação de outros colaboradores, em caráter voluntário. O contingente deve ser dividido em 31 Grupos de Técnicos (GTs). 
Os dois primeiros grupos técnicos publicados em portaria foram o de Economia e o de Assistência Social. 

No GT de Economia estão dois dos idealizadores do plano real, os economistas André Lara Resende e Pérsio Arida. Arida presidiu o BNDES durante a gestão de Itamar Franco e o Banco do Brasil por um breve período do governo Fernando Henrique Cardoso. Por sua proximidade com Alckmin e pelo bom trânsito entre academia, setor privado e governo, seu nome chega a ser levantado para assumir o Ministério da Economia, embora haja nomes de mais peso sendo aventados, como Fernando Haddad e Alexandre Padilha.

Ambos acumulam características políticas importantes, como sensibilidade social - considerando que será um período difícil para  economia nacional - e possíveis apostas para 2026, uma vez que são lideranças jovens e fortes no PT, com trabalho reconhecido em áreas importantes, como Educação e Saúde, respectivamente. 

André Lara Resende não deve compor ministério, mas pode ser um nome do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI) ou no Banco Mundial; outra possibilidade é que atue como um formulador de políticas públicas, mas não há apostas no sentido de que ele assuma algum ministério. 

Os outros dois nomes indicados são do professor da Unicamp Guilherme Mello e o ex-ministro dos governos Lula e Dilma Nelson Barbosa. Mello é considerado um quadro técnico do PT, inclusive participou da formulação da área econômica do plano de governo de Lula durante a campanha. Já Nelson Barbosa foi Ministro do Planejamento (2015) e Ministro da Fazenda (2015-2016) no governo Dilma Rousseff. Também foi Secretário de Política Econômica e Secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda no governo Lula, entre 2007 e 2010. 

Na Assistência Social ficaram definidos o nome da senadora emedebista Simone Tebet ao lado de Márcia Lopes, Tereza Campello e André Quintão. A área foi uma escolha de Tebet, mas não aponta necessariamente para o espaço que ocupará em eventual ministério. Sua escolha está entre as duas prioridades da transição, junto com a área econômica. Sua participação certamente não esgota a eventual participação do MDB no governo; outros nomes devem ser indicados pelo presidente da agremiação, Baleia Rossi, ainda nesta semana. 

A portaria que cria os dois grupos técnicos também estabelece a coordenação dos trabalhos e institui um conselho político da transição, que contempla nomes dos partidos que se aliaram a Lula desde o primeiro turno.

A coordenação dos trabalhos é feita por dois nomes do PT e dois do PSB. Além de Alckmin (PSB), Aloizio Mercadante (PT) coordena os grupos técnicos do gabinete de transição; o deputado federal Floriano Pesaro (PSB) faz a coordenação-executiva do gabinete de transição e a deputada federal e presidenta do PT Gleisi Hoffmann é a coordenadora da articulação política.

O PSOL indicou seu presidente, Juliano Medeiros, mas também Guilherme Boulos para compor a equipe de transição. Já o PSB deve ter mais peso no processo, tendo indicado, além de Alckmin e Floriano Pesaro, também o prefeito de Recife, João Campos, e o ex-governador de São Paulo Márcio França.

Outras duas portarias foram publicadas e anunciadas em uma entrevista coletiva concedida por Geraldo Alckmin na tarde desta terça-feira (8): a primeira institui o gabinete de transição governamental, sediado no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília (DF), e a outra solicita ao presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, cópias dos relatórios de tomadas de contas, auditorias, inspeções, levantamentos, monitoramentos e outros documentos que vão ajudar os trabalhos do gabinete de transição.

Alckmin e Lula se esforçam para afirmar a separação entre a equipe de transição e a composição de ministérios, a fim de evitar precipitações que poderiam atrapalhar negociações ou mesmo desgastar possíveis indicados antes do tempo.