O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), o mais fiel bolsonarista da Corte, estaria trabalhando para, a toque de caixa, conseguir a nomeação de 19 juízes para tribunais superiores, como Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Tribunal Superior do Trabalho (TST) e o TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), diz uma reportagem do diário paulista Folha de S.Paulo.
Como os dias de Jair Bolsonaro (PL) estão contados no Palácio do Planalto após a derrota para o agora presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Kassio teria acelerado a pressão, a pouco menos de dois meses da troca de chefe no Executivo, sobre o Senado Federal e o TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), que votarão os nomes, como manda a Constituição, para que os aprove, ou não, e prossiga para a posse desses magistrados. O bolsonarista do STF quer que as votações não sejam influenciadas (adiadas, ou mesmo descartadas) com o “clima político” oriundo do triunfo eleitoral de Lula.
Segundo a Folha, a juíza Maria do Carmo Cardoso, próxima da família Bolsonaro e articuladora-chave na escolha do nome de Kassio para o STF, teria se reunido com o desembargador José Amilcar Machado, presidente do TRF-1, para saber se a sessão na corte que definirá as listas dos indicados estava mantida para novembro, conforme uma definição tomada no mês passado.
Machado teria respondido que “precisaria ver com os colegas” do TRF-1, por conta do “clima político” atual, reposta que não teria agradado Maria do Carmo, diz a Folha, que então retrucou afirmando que a corte “não poderia se curvar a questões políticas”. A reunião estava sendo transmitida pela internet e a secretária do TRF-1, então, lembrou aos participantes do fato. Momentos depois, a transmissão foi suspensa.