O desespero dos bolsonaristas com a derrota do ídolo de extrema direita nas urnas para o agora presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levou suas bizarrices para o centro do noticiário brasileiro, com direito a “patriota” pendurado no para-brisa de carreta e choro histérico com o anúncio da falsa prisão do ministro Alexandre de Moraes, do TSE e do STF. Só que as birutices escalaram e uma nova teoria, correndo como rastilho de pólvora, toma conta das redes sociais desde a sexta-feira (4). Ela envolve ninguém menos que Lady Gaga.
Não, você não leu errado. Lady Gaga, a superstar norte-americana da música pop, segundo as publicações bolsonaristas, seria a “primeira-ministra do Tribunal de Haia”, seja lá o que isso signifique. O Tribunal Penal Internacional, assim como a Corte Internacional de Justiça, que são chamados vulgarmente de “Tribunal de Haia”, ficam na cidade holandesa a que se refere o nome da corte, e são destinados a julgar crimes contra a humanidade, no caso do primeiro, e resolver litígios internacionais entre estados nacionais, no caso do segundo.
A tese de contornos psiquiátricos mostra ainda uma imagem da cantora pop no que seria “uma audiência do Tribunal de Haia”, com Jair Bolsonaro numa janela no canto superior direito, “conversando” com a “primeira-ministra”. Ela, diz o texto abirutado, estaria garantindo ao futuro ex-presidente que a “intervenção militar” ocorreria no Brasil, por meio do “artigo 142 da Constituição”, o trecho da Carta Magna brasileira que versa sobre o funcionamento das Forças Armadas e que se tornou viral entre bolsonaristas devido a uma interpretação surreal de que ele dá poderes para um golpe de Estado. Gaga é todo o tempo chamada por seu nome de batismo nas publicações de extrema direita, Stefani Germanotta.
“Vamos continuar nas ruas, não podemos desistir. Ocorrerá uma intervenção federal para reapurar os votos das urnas após 72 horas de mobilização”, diz o texto do “alerta”.