MÍDIA

Em editorial, Folha chantageia Lula e pede que ele beije a cruz do mercado

Jornal da família Frias elogia pauta neoliberal de Guedes e Bolsonaro e cobra guinada neoliberal de Lula. Em contraponto, Jânio de Freitas critica "pobreza mental e moral desse empresariado".

Lula entre João Roberto Marinho, da Globo, e Luís Frias, da Folha.Créditos: Ricardo Stuckert
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A estratégia da mídia liberal em levar a disputa ao segundo turno para impor a pauta neoliberal a Lula (PT) foi desencadeada neste domingo (9) pela Folha de S.Paulo que, no editorial "É a economia, Lula", chantageia o candidato petista, pedindo para que ele beije a cruz do mercado e adote as medidas levadas parcialmente por Paulo Guedes no governo Jair Bolsonaro (PL) - nome que avalizou a eleição do governo fascista junto a esses mesmos setores midiáticos.

"Promessas de mais gastos públicos e intervencionismo decerto podem agradar a ideólogos do partido e militantes, mas afugentam os estratos que têm os olhos voltados para a liberdade econômica, o empreendedorismo e a contenção da carga de impostos. Já passa da hora de reconhecer que a agenda liberal dos últimos anos trouxe avanços duradouros", diz a Folha.

Antes, o jornal da família Frias sai em defesa de Guedes e da politica neoliberal do governo Bolsonaro.

"A despeito de dificuldades, o panorama econômico, decisivo em qualquer eleição, não corresponde a um cenário de terra arrasada. O aumento do otimismo com o futuro imediato, cumpre recordar, já era detectado pelo Datafolha antes da abertura das urnas", diz o editorial, enfatizando que Lula e oposição e que "a pauta situacionista é, por definição, mais previsível".

A Folha pede ainda que Lula rompa "com velhas doutrinas estatistas" e chantageia "é o candidato oposicionista que está obrigado a dizer o que pretende mudar ou preservar na economia".

A estratégia de levar a disputa para o segundo turno foi antecipada por Merval Pereira em sua coluna no jornal O Globo no dia 8 de setembro. 

No texto, o porta-voz da família Marinho, deixa explícita a estratégia de levar a disputa ao segundo turno para que Lula "seja obrigado a negociar com esses outros dois candidatos para fazer um governo de amplo espectro, não apenas da esquerda periférica do PT", em relação principalmente à pauta neoliberal defendida por Simone Tebet.

Contraponto

Na mesma edição deste domingo da Folha, o jornalista veterano Jânio de Freitas faz um contraponto e afirma que "só um candidato idiota cairia na exigência, muito mais idiota, de que Lula revele já o seu ministro da Fazenda/Economia, para ser aceitável como Bolsonaro pelo empresariado".

"A pobreza mental e moral desse empresariado que age na política só por interesse direto, dominado por ganância e egoísmo patológicos, é responsável por grande parte das desgraças que assolam o país. A corrupção grossa começa por aí", diz Freitas.

O jornalista ainda afirma que "Lula governou por oito anos, encerrados há menos de 12, e saiu com 82% de aprovação ao seu governo". 

"Não saber quais são as ideias e métodos, que o caracterizam como governante e como pessoa, só se explica por asnice insolúvel", ressalta.