ELEIÇÕES 2022

Merval Pereira, do Globo, revela estratégia da mídia neoliberal após abandono da "terceira via"

Porta-voz da família Marinho, Merval revela estratégia após a frustração em construir uma candidatura na chamada terceira via e faz mea culpa: "foi um equívoco considerar que Bolsonaro era o melhor adversário do PT"

Merval Pereira e os irmãos Marinho, da Globo.Créditos: Reprodução GloboNews / TV Globo
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Em artigo no jornal O Globo, Merval Pereira, porta-voz da família Marinho, deixa explícita a nova estratégia da mídia neoliberal após a frustração em construir uma candidatura na chamada terceira via, desde quando apostava todas as fichas em Sérgio Moro.

Em seu texto, Merval ecoa a interpretação de que Jair Bolsonaro (PL) cometeu "abuso de poder e precisa ser punido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)" e ressalta, quase quatro anos depois, que ele "deu mostras de que não está à altura de ser o presidente da República ao puxar um coro de “imbrochável” em plena Esplanada dos Ministérios".

"Feriu o decoro presidencial e deveria ser punido por isso, não apenas pelo palavreado chulo, mas também por ter usado a parada de 7 de setembro para benefício de sua campanha", escreve o colunista d'O Globo e da GloboNews.

Na sequência, Merval inicia um mea culpa ao afirmar que "foi um equívoco considerar que Bolsonaro era o melhor adversário do PT".

"Opor-se a Lula, ou ao petismo, não pode significar apoiar uma candidatura ou, por si só, justificar um voto. Nem mesmo o voto útil que se verificou em 2018, para derrotar o PT, pode ser explicação para apoiar um candidato qualquer", emenda, antes de atacar Dilma Rousseff - um de seus "esportes" favoritos - e dizer que Bolsonaro foi "levado pelo antipetismo a um lugar onde jamais teria que estar".

No entanto, a mídia neoliberal não se rende. E Merval acaba por revelar a nova estratégia após lamentar que "aparentemente não há mais tempo para uma terceira via, embora as últimas pesquisas mostrem um crescimento de Ciro Gomes e Simone Tebet".

"Mas há tempo para forçar um segundo turno em que o provável vencedor, Lula, seja obrigado a negociar com esses outros dois candidatos para fazer um governo de amplo espectro, não apenas da esquerda periférica do PT".

A estratégia é simples: levar a eleição a um perigoso segundo turno para negociar apoio a Lula colocando na mesa as pautas neoliberais que pretendem empurrar na economia, como privatizações, aprofundamento do desmonte trabalhista e uma reforma tributária que não atinja o bolso dos endinheirados, excluindo ainda a taxação das grandes fortunas - medida que afeta diretamente a família Marinho.

Merval - que intitula o artigo de "Sem noção", em referência à Bolsonaro - deve ter um pouco mais de noção ao classificar como "esquerda periférica do PT" os quase 50% dos eleitores brasileiros que declaram voto no petista, segundo as pesquisas de intenção de votos.

Sem noção, como sempre, Merval sai mais uma vez em favor da elite tacanha, mesquinha, que só pensa em seu universo luxuoso e esbanjador, da mesma forma que levou um fascista ao poder em 2018 apostando em Paulo Guedes como fiador da usurpação econômica do país, como desejam.