Jair Bolsonaro (PL) confirmou seu objetivo de aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), caso consiga a reeleição. Com isso, ele concretizaria um golpe, pois seria responsável por mais indicações e ganharia aliados para formar maioria em votações do seu interesse.
“Eu acho que o Supremo exerce um ativismo judicial que é ruim para o Brasil todo. O próprio Alexandre de Moraes instaura, ignora Ministério Público, ouve, investiga e condena. Nós temos aqui uma pessoa dentro do Supremo que tem todos os sintomas de um ditador”, declarou o presidente, em entrevista à Veja, publicada nesta sexta-feira (7).
Bolsonaro afirmou, ainda, que a proposta de aumentar o número de ministros da Corte já está em seu poder, mas só cuidará do tema “depois das eleições”.
Seu objetivo é aumentar de 11 para 15 o número de ministros. Caso tenha êxito, Bolsonaro faria mais seis nomeações em um eventual segundo mandato: dois que substituirão Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, que se aposentarão nesse período, além dos quatro novos, se a Proposta e Emenda à Constituição (PEC) for aprovada.
Então, no total, Bolsonaro teria feito oito ministros alinhados, dos 15, uma vez que já indicou Kássio Nunes Marques e André Mendonça.
O presidente enxerga o STF como seu maior obstáculo para viabilizar mudanças e conseguir governar sem que suas determinações ou de parlamentares aliados sejam questionadas.
O plano de Bolsonaro é mudar o STF para se tornar ditador, diz Flávio Dino
Em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta sexta-feira (7) o ex-governador do Maranhão e senador eleito, Flávio Dino (PSB), fez uma análise sobre a configuração do Senado para a próxima legislatura e como isso está relacionado a um projeto da extrema direita de controlar o STF.
Para Dino, somente a eleição de Lula (PT) à presidência da República pode conter os anseios golpistas da extrema direita. “A eleição presidencial vai ser determinante para conter o comportamento extremista desse pessoal, porque se o Bolsonaro vencer - e ele não vencerá - isso equivaleria a uma espécie de liberou geral e aí o extremismo dessa gente vai ficar ainda mais destacado, ainda mais evidente”, avaliou.
“Lula vencendo - e vencerá - funcionará como força de contenção dessa gente. Vou me referir a um tema: independência do poder judiciário. Se o Bolsonaro vencesse, esses personagens todos iam se juntar para emparedar o Supremo Tribuna Federal e para, no mínimo, ampliar o número de ministros de 11 para 15 para o Bolsonaro indicar quatro mais dois e, com isso, fazer maioria, porque dois ele já indicaria por conta de aposentadoria, mais quatro com as novas vagas, aí indica seis. Com dois, faria oito e maioria de 15. Esse é o plano, no mínimo”, explicou Dino.