Horas antes do último debate presidencial, que acontece a partir das 21h30 desta sexta-feira (28) na Globo, o empresário Paulo Marinho divulgou um vídeo nas redes sociais com imagens de Gustavo Bebianno, ex-secretário-geral da Presidência de Jair Bolsonaro (PL), que morreu em março de 2020, pouco mais de um ano depois de deixar o governo em meio a uma crise que se originou com a suspeita de que o PSL.
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"A noite promete", tuitou Marinho junto ao vídeo, com o versículo bíblico repetido à exaustão por Bolsonaro: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
Primeiro suplente de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no Senado, Marinho rompeu com o clã Bolsonaro após emprestar sua mansão para a campanha em 2018 e atualmente participa do time que orienta Lula (PT) para os debates.
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No vídeo, de 35 segundos, Bebianno fala de uma conversa que teve com Bolsonaro.
"Ele disse pra mim e falou: Gustavo você está isso aqui para se torna o próximo ministro da Justiça. Botei as mãos no joelho e disse assim: capitão, só tem uma coisa que lhe peço, eu não faço questão de nada, nunca lhe pedi nada, mas tem uma coisa que eu quero lhe pedir, a única coisa que não estou preparado é ser deixado pelo caminho. E ele deu a palavra de honra de que isso não aconteceria, que jamais deixaria um soldado pelo caminho", diz Bebianno no vídeo.
Janones
Bebianno foi alçado à campanha eleitoral após o deputado André Janones (Avante-MG), que atua na campanha de Lula, publicar imagens que seriam de supostos vídeos que estariam no celular do ex-ministro de Bolsonaro.
Bebianno morreu de infarto em março de 2020, pouco mais de um ano após romper com Bolsonaro. Antes de morrer, ele revelou ter guardado um material, "inclusive fora do Brasil", para ser usado caso algo lhe acontecesse. Este material estaria gravado em seu celular e, segundo supostas pessoas que tiveram acesso às gravações, o conteúdo seria "destruidor" para Bolsonaro.
Em fevereiro de 2019, logo após Bolsonaro assumir a Presidência, o jornal Folha de S.Paulo informou na época que, quando Bebianno presidia o PSL, o partido, repassou R$ 400 mil a uma candidata a deputada federal de Pernambuco. Segundo o jornal, o repasse foi feito quatro dias antes das eleições, e ela recebeu 274 votos. Bebianno negou as irregularidades, afirmando que não foi o responsável por escolher as candidatas que receberam dinheiro do partido. Isso porque, segundo ele, a decisão coube aos diretórios locais.
Após a reportagem da Folha, Bebianno negou em entrevista ao jornal “O Globo” que fosse o pivô da crise e acrescentou que, somente naquele dia, havia falado com o presidente por três vezes. Na ocasião, Bolsonaro ainda estava internado em razão de uma cirurgia. Após a publicação da entrevista, o vereador Carlos Bolsonaro usou uma rede social para dizer que Bebianno mentiu ao dizer que havia falado com o presidente e, então, instaurou-se um processo de "fritura" do então aliado até ele ser demitido.
A partir daí, Bebianno passou a fazer fortes críticas a Bolsonaro, chamá-lo de "traidor" e dizer que temia por uma "ruptura institucional" no governo diante das ameaças do presidente à democracia.
Paulo Marinho: "Lembra do Bebianno?"
Em outubro de 2021, Paulo Marinho mandou um recado com tom de ameaça a Jair Bolsonaro. Rachado com o presidente desde o primeiro ano do governo, Marinho citou o ex-ministro Gustavo Bebianno ao comentar a forma como o chefe do Executivo reagiu diante de uma pergunta sobre rachadinhas feita por seu filho, André Marinho, em entrevista à Jovem Pan.
Marinho se disse "absolutamente surpreso" com a forma como Bolsonaro tratou seu filho e disparou: "Você lembra do nosso amigo Gustavo Bebianno? Talvez você já tenha esquecido. Mas ele não lhe esqueceu, pode ter certeza disso. Quando você estiver chorando no banheiro do palácio, lembre disso, ele não lhe esqueceu".
Bebianno havia morrido em março de 2020 e, nos meses anteriores ao seu falecimento, concedia entrevistas que dava a entender que possuía informações que comprometeriam Bolsonaro. Este material estaria em um celular que, segundo Renata Bebianno, viúva do ex-ministro, foi destruído.
Em julho, o empresário Paulo Marinho disse que Flávio Bolsonaro havia sido avisado da investigação sobre o caso Queiroz antes das eleições de 2018 e sugeriu acesso ao celular de Bebianno, o que não foi permitido por Renata.