Em entrevista ao jornal da Cultura desta quinta-feira (28), o cinegrafista que trabalhava na Jovem Pan e registrou as imagens do tiroteio em Paraisópolis que interromperam as atividades do candidato ao governo de São Paulo revelou que, além do ex-agente da Agência Brasileira de inteligência (Abin) Fabrício Paiva, havia outro servidor da Agência no momento da confusão: o policial federal Danilo Cesar Campetti.
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De acordo com o cinegrafista, Danilo Cesar Campetti também se apresentou como assessor de Tarcísio de Freitas. "O agente federal que até então se identificava como assessor do Tarcísio, é o policial federal Campetti", revela ao jornal da Cultura o cinegrafista.
Horas após o ocorrido em Paraisópolis, Campetti publicou uma reportagem da Jovem Pan em suas redes.
A revelação de que Campetti estava presente no momento do tiroteio em Paraisópolis traz mais interregoções para esse caso, pois, Campetti participou da segurança do então candidato à presidência da República Jair Bolsonaro, em 2018.
Além disso, Campetti estava em Juiz de Fora (MG) quando Bolsonaro levou uma facada de Adélio Bispo dos Santos. Após a eleição de Bolsonaro à presidência da República, Campetti foi contratado pela Abin.
O policial federal Danilo Cesar Campetti também fez parte da escolta do ex-presidente Lula quando estava preso em Curitiba e pôde sair para acompanhar o velório de seu neto, Arthur Lula da Silva, morto em 2019.
Em nota, a Agência declarou que há apenas um servidor licenciado para trabalhar em campanha, mas, como mostram as cenas feitas pelo cinegrafista, é possível ver Campetti na hora da confusão em Paraisópolis.
Tarcísio de Freitas se pronuncia sobre o caso Paraisópolis
O candidato Tarcísio de Freitas publicou nesta sexta-feira (28) um longo vídeo com um longo depoimento sobre o caso Paraisópolis. Na publicação, Freitas diz que é “vítima de fake News” e que deseja “estabelecer a verdade”.
Sem mencionar o nome de Felipe Silva, o jovem que foi morto em Paraisópolis, Freitas o chama de "criminoso". "Um criminoso foi baleado e acabou morrendo", diz Freitas.
Na publicação, o candidato do Republicanos confirma a presença de Fabricio Cardoso Paiva e afirma que ele não está na Abin desde 2019 e que eles são amigos de longa data. No entanto, o candidato não menciona a presença de Danilo Campetti em sua equipe.
A identidade do cinegrafista é exposta pela campanha de Tarcísio. Além de expor o cinegrafista, Freitas afirma que o encontrou no dia seguinte nos estúdios da Jovem Pan e que o profissional o agradeceu novamente e que lhe disse que toda a sua família iria votar nele.
Sobre o fato de Fabrício Paiva ter pedido para o cinegrafista apagar partes do vídeo, Tarcísio de Freitas repetiu a mesma tese que apresentou na noite desta quinta-feira (27) durante o debate da Globo. Quando questionado por Fernando Haddad (PT) sobre o ocorrido em Paraisópolis, Freitas afirmou que o objetivo de apagar partes das filmagens não era de ocultar provas, mas sim de "proteger identidades".
Quem matou Felipe Silva, de Paraisópolis?
Falando apenas dois dias para as eleições, nem o governo de São Paulo, comandado pelo neobolsonarista Rodrigo Garcia (PSDB), nem os órgãos de investigação federais e tampouco Tarcísio souberam responder quem puxou o gatilho e disparou contra o rapaz, que estava desarmado.
Indagado por Fernando Haddad (PT) sobre o tema no debate na noite desta quinta-feira (27), Tarcísio voltou a mentir, se colocando como "vítima" da ação de criminosos.
No entanto, a tese propalada pelo candidato de Bolsonaro contraria até mesmo a polícia e a própria Secretaria de Segurança Pública do Estado, comandada pelo general João Camilo Pires de Campos.
Tarcísio ainda afirmou que o assessor mandou o cinegrafista Marcos Andrade, da Jovem Pan, apagar as mensagens para "proteger" a vida das pessoas que apareciam no vídeo, em uma confissão pública de que houve destruição de provas e evidências que poderiam esclarecer, prontamente, quem foi que assassinou Felipe a tiros.
"O que nós suspeitamos é que os policiais ligados à campanha do candidato executaram uma pessoa, cometeram um assassinato, e depois inventaram um suposto atentado para criar um factoide político eleitoral. É o que teria ocorrido nesse caso", disse o advogado Ariel de Castro Alves, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais.