O gaúcho Adelar Eloi Lutz, empresário ligado ao agronegócio, terá de pagar indenização de R$ 150 mil. Ele é suspeito de mandar suas funcionárias filmarem o voto na urna eletrônica, escondendo o celular no sutiã.
Lutz assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT-BA), que investiga o caso. O objetivo do ruralista, que mora há cerca de 30 anos em Formosa do Rio Preto, na Bahia, a 750 quilômetros de Salvador, era que as trabalhadoras comprovassem que votaram em Jair Bolsonaro (PL), no primeiro turno.
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Em áudios compartilhados, o empresário disse, também, que demitiu os funcionários que não votaram no atual presidente.
O acordo prevê que Lutz se retrate publicamente, reforçando o direito de liberdade de voto, além do pagamento de indenização por danos morais coletivos. O dinheiro deverá ser depositado em até 30 dias na conta do Fundo de Promoção do Trabalho Decente (Funtrad).
Os recursos serão destinados para projetos que fortalecem o trabalho digno na região onde o empresário tem inúmeras propriedades de grande porte.
O bolsonarista tem 48 horas, a contar da assinatura do termo, para publicar nas redes sociais um vídeo, no qual diz que assediar trabalhadores é ilegal. Além disso, ele deverá orientar todo trabalhador que se sentir constrangido pelo patrão a denunciar ao MPT, segundo o G1.
Depois da divulgação de áudios, bolsonarista se desculpa
Após a repercussão dos áudios, Lutz divulgou vídeos, nos quais afirmou que estava “apenas brincando com amigos” e que os fatos narrados não teriam ocorrido. Também disse que “nunca prejudicou ninguém” e que não sabe como os áudios vazaram.
"Eu peço desculpa a todos, inclusive o pessoal da lei. [...] Se for olhar cá em casa, eu tenho gente que trabalha aqui e que a família toda é PT. E eu botei para fora? Botei não. Só disse que tem que analisar, não tem pressão nenhuma", declarou em um dos vídeos.
Além da bizarrice do celular no sutiã e das demissões que alega serem fantasiosas, Lutz defendeu nos áudios que estão incluídos no inquérito que patrões orientassem funcionários a votar e despedissem os que se negassem. Ele ainda se gravou dizendo que demitiu duas funcionárias no primeiro turno por se recusarem a votar em Bolsonaro, mas que ambas toparam virar o voto no segundo turno em troca de uma nova contratação.
Adelar ainda é investigado pelo Ministério Público da Bahia por propaganda eleitoral irregular por conta da instalação de outdoors do atual presidente no município.