O jurista e professor de Direito Constitucional, Pedro Serrano, declarou que o ex-deputado Roberto Jefferson foi protegido pela Polícia Federal (PF). “Ele está vivo porque é bolsonarista. Ele deve ao Bolsonaro a vida dele”, afirmou, em entrevista ao Fórum Onze e Meia, nesta segunda-feira (24).
Na avaliação de Serrano, a reação normal, lícita, da polícia seria mais contundente. “Era para ele ter sido morto na operação. Seria absolutamente legítimo. Uma pessoa que resiste a uma ordem judicial e a uma ação policial a partir dessa ordem com granada é para tomar tiro. É caso de legítima defesa indiscutível”, apontou o jurista.
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Serrano reiterou que os agentes só não fizeram isso porque se tratava de uma das pessoas mais ligadas a Jair Bolsonaro (PL). “Veja o que acontece em operações policiais nas periferias. Muita gente inocente morre. O Jefferson é um condenado pela Justiça, de forma definitiva. Teve uma reação de bandido, de terrorista, ao receber os policiais com tiros e granada”.
O jurista também criticou o comportamento de Bolsonaro, que enviou o ministro da Justiça, Anderson Torres, ao Rio de Janeiro para “acompanhar o caso”, segundo o presidente.
“Ele mandou o ministro para proteger o Jefferson. Que cidadão tem direito a isso? O Jefferson não é nada, não é deputado federal, não tem privilégio que justifique isso. Foi uma forma que o Bolsonaro achou de protegê-lo como amigo, companheiro, aliado, correligionário, alguém que tem uma relação profunda”, destacou.
O jurista cita motivação “ideológica” para Jefferson não ter sido sequer algemado
Serrano também lamentou a forma pela qual a PF conduziu a prisão de Jefferson. “Ele jogou granada nos agentes e não foi algemado ao ser levado. Ele não é nada, não é deputado federal, e não tem direitos políticos, porque é um condenado de forma definitiva”.
O advogado lembrou casos em que a polícia foi bem mais rigorosa para prender pessoas que não ofereciam risco. “Veja como o Lula foi preso. Vi no Mensalão e na Lava Jato como as pessoas eram tratadas, com a presença de vários policiais fortemente armados. No caso do Jefferson foram enviados policiais apenas com 38 (arma) e de camiseta, sem coleta à prova de balas. Além disso, ele nem foi algemado. Foi um benefício ideológico partidário por ser bolsonarista”.
Serrano mencionou as operações e prisões que envolveram outros personagens da política nacional. “O Sérgio Cabral foi algemado nas mãos e nos pés, quando não oferecia nenhum risco. O Anthony Garotinho também teve tratamento diferente de Jefferson”, ressaltou.
Ele também citou a situação do ex-ministro Guido Mantega, que foi alvo de uma operação quando sua esposa estava internada tratando de câncer, além do ex-tesoureiro do PT. “O Vaccari (João), um homem de bem, foi, inclusive, filmado entrando no camburão”.
O jurista acrescentou que esses casos demonstram que “homens, brancos, com dinheiro também são perseguidos pelo Estado. Jefferson foi tratado dessa forma porque há um elemento ideológico forte”, afirmou, em referência à proximidade do ex-deputado com Bolsonaro.
Assista à íntegra da entrevista: