APARELHAMENTO

EXCLUSIVO: Em grupo, PF’s bolsonaristas criticam Moraes mesmo com colegas feridos

Mensagens repassadas à Fórum mostram que muitos agentes “relativizam” extremismo de Jefferson, que atirou em policiais, criticando Lula e o ministro Alexandre de Moraes, do STF

Créditos: Divulgação/PF
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A reportagem da Fórum recebeu mensagens de um grupo de policiais federais, muitos deles bolsonaristas, repassadas por um agente da corporação que falou sob anonimato, que mostram que mesmo com colegas feridos no episódio da tentativa de cumprimento de uma ordem de prisão contra o ex-deputado Roberto Jefferson, que atirou com um fuzil e arremessou três granadas contra as autoridades, se posicionam criticando o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que deu a determinação judicial em desfavor do político de extrema direita.

“Fico perplexo como servidor da polícia federal, em mais de 16 anos de trabalho profissional, quando recebo mensagens de colegas de trabalho e professores da Academia Nacional de Polícia, que apoiam um candidato que despreza as instituições e os preceitos democráticos e constitucionais. E ainda, o preconceito e misoginia instalados em quem precisa formar servidores para atuarem conforme os ditames legais e necessários ao combate ao crime no país. Alguns apoiam a extrema direita e a ruptura democrática...em tempos eleitorais deveriam zelar pela ordem e pelo cumprimento da missão institucional da PF”, disse o servidor da PF à Fórum.

As conversas foram checadas e são de fato de um grupo que reúne 78 policiais federais de vários setores, departamentos e regiões do Brasil.

Numa das mensagens, a informação sobre a ato criminoso cometido por Roberto Jefferson é repassada e muitos colegas se indignam com os tiros dados pelo ex-deputado, demonstrando preocupação com o delegado e a agente feridos no caso deste domingo (23). No entanto, não demora muito para que outros servidores apareçam relativizando a reação violenta do criminoso, jogando a culpa nas decisões de Alexandre de Moraes.

Uma postagem de um outro integrante do grupo do aplicativo de mensagens questiona a decisão de Moraes, que revogou a prisão domiciliar de Jefferson por conta dos ataques que o bolsonarista fez à ministra Cármen Lúcia, do STF e do TSE, nos quais a chamou de “prostituta arrombada”. O parâmetro do policial que enviou a mensagem é uma comparação descabida com um suposto caso de xingamento à filha mais nova do presidente Jair Bolsonaro (PL).

No fim da noite, quando Roberto Jefferson já tinha se entregado e sido conduzido a um presídio do Rio de Janeiro, um agente da PF bolsonarista insiste em dizer, por meio do compartilhamento de uma publicação, que “Jair Bolsonaro não tem ligações com o ex-deputado”, quando a relação entre os dois é pública, notória e óbvia.

Ainda em relação aos tiros e granadas de Jefferson, houve policiais federais que se indignaram com um vídeo em que um agente da PF aparece conversando pacificamente e dando razão ao ex-deputado que quase matou dois agentes com seu fuzil e suas granadas, mostrando que muita gente no grupo não admite a submissão ao ideário bolsonarista.

 

Há ainda uma série de mensagens de forte teor antipetista e misógino, sempre usando linguagem chula e ataques sobretudo ao ex-presidente Lula. Numa delas, ao falar sobre um aumento prometido à categoria por Bolsonaro e que não foi dado, um dos integrantes do grupo afirma que o atual presidente pode “tocar o foda-se”, que ele “não conseguiria votar em Lula”.

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