O pastor bolsonarista André Valadão, da Igreja Batista Lagoinha, de Belo Horizonte (MG) afirmou ter sido intimado pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, a se retratar em suas redes sociais, onde recentemente fez publicações em que, buscando desencorajar o voto no ex-presidente Lula (PT), afirmou que o petista seria a favor do aborto, das drogas e da liberação de pequenos furtos.
“Dias atrás eu recebi em minha residência uma intimação do TSE através do senhor Alexandre de Morais (sic) e eu venho me declarar a partir dessa intimação, dizendo que o Lula não é a favor do aborto, Lula não é a favor da descriminalização das drogas, Lula não é a favor de liberar pequenos furtos. ‘Os trombadinhas entrarão na sua casa, roubarão sua TV, roubarão seu celular, você correrá risco de vida e nada acontecerá com eles’. Lula não é a favor, literalmente, de colocar uma regulação na mídia, onde você vai perder o poder de expressar sua opinião, expressar o seu culto. É isso. Deus abençoe o Brasil”, diz Valadão, que finaliza a fala com uma ênfase dramática no ‘é isso’.
Internautas debocharam do pastor nos comentários. “Dói falar a verdade? Tive essa impressão. Um semblante de dor para simplesmente falar a verdade. Estranha esta dificuldade”, ironizou uma usuária da rede. Mas acontece que aparentemente ele está mentindo mais uma vez. De acordo com os jornalistas Renato Souza, que é setorista do Judiciário para o portal R7 e para a coluna do Chico Alves, no Uol, a assessoria do TSE negou que a intimação tenha sido emitida pelo Tribunal.
Essa não foi a primeira mentira difundida por Valadão na internet. Em 9 de outubro ele fez uma publicação em suas redes sociais em que citou uma notícia sobre casamento de menores de idade na Colômbia para atacar a esquerda. Trata-se de uma fake news. A postagem é uma clara tentativa do pastor de associar a medida a um suposto governo de esquerda na Colômbia, com o intuito de assustar eleitores brasileiros a não votarem em Lula (PT), que representaria o campo político no Brasil, no segundo turno da eleição, a ser realizado em 30 de outubro.
Acontece que a medida mencionada na notícia compartilhada por Valadão não foi tomada pelo governo colombiano, atualmente liderado pelo presidente de esquerda Gustavo Petro, mas sim pelo Poder Judiciário. Além disso, a decisão é de 2021, quando o país era governado por Iván Duque, político de direita que, inclusive, é aliado de Jair Bolsonaro (PL).