Depois de 15 anos trabalhando na instituição, a professora e pesquisadora Maria Elisa Máximo foi afastada de suas funções na Faculdade IELUSC, de Joinville (SC), vinculada à Rede Sinodal de Educação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana (IECLB).
A razão do afastamento da docente foi uma postagem em sua conta pessoal no Twitter, com um comentário crítico a respeito do apoio da cidade a Jair Bolsonaro (PL).
“Joinville sendo o esgoto do bolsonarismo, pra onde escoou os resíduos finais da campanha do imbrochável inominável. Não tem quem escape: há gente brega, feia e fascista pra todos os lados”, desabafou a professora.
A última motociata de Bolsonaro, antes da eleição, foi no município catarinense.
Inicialmente, foi veiculado que ela havia sido demitida. No entanto, o diretor-geral da faculdade, Sílvio Iung, confirmou o afastamento das funções docentes. Ele não informou quais serão as providências futuras que a instituição tomará, de acordo com reportagem de Edelberto Behs, no portal Unisinos.
Além do afastamento de suas funções, a docente, dois filhos e seu companheiro estão sendo alvos de ameaça.
A direção da IELUSC divulgou um comunicado sobre a demissão de Maria Elisa, no qual alega que “o posicionamento institucional é de neutralidade política, por ser apartidária”, mesmo que a postagem tenha sido na conta pessoal da professora.
A direção, porém, argumentou, no documento, que informou ao corpo docente e funcionários, no dia 12 de agosto, que evitassem “posicionamentos pessoais [que] possam ser vinculados como sendo de nossa instituição educacional, sobretudo na sala de aula ou em mídias e grupos acessados por estudantes e/ou pais; e evitar deixar-se influenciar pelas emoções ingressando em debates improdutivos, em especial quando você ou seu interlocutor utilizam achismos e generalizações como argumentos”.
Manifestações de solidariedade à docente
Professores fundantes do curso de Comunicação Social da instituição divulgaram uma nota em solidariedade a Maria Elisa.
“A Faculdade IELUSC prefere se posicionar à margem do processo político que vivemos, se declara ‘apartidária’ e se orgulha de sua ‘neutralidade política’. Martinho Lutero poderia ter feito isso em 1520, mas não teve medo das ideias que defendia e nada retratou das críticas a uma igreja que havia se corrompido. A herança de Lutero é hoje vilipendiada pela administração do IELUSC”, diz a nota.
Estudantes e ex-alunos da faculdade também se solidarizaram com a professora. “Povo do IELUSC, a profa. Maria Elisa Máximo está exilada por conta de um tuíte. Temos que prestar solidariedade a ela denunciando claramente a perseguição e a violência política. E cobrando da instituição a proteção e amparo a uma de suas docentes mais engajadas e brilhantes”, diz mensagem de uma estudante.
O Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Joinville (Sinsej) manifestou apoio a Maria Elisa. “Todo cidadão tem o direito de expressar suas opiniões e posições em suas redes pessoais”, diz um trecho da nota. A professora exerceu esse direito em sua conta pessoal “e desde então ela e sua família sofrem com ataques vindos de todos os lados”. A entidade pede a reintegração da professora.