O Ministério Público Federal (MPF) no Distrito Federal abriu 12 investigações com base no relatório final da CPI da Covid do Senado.
A decisão foi tomada pelo MPF no fim de dezembro, mas só chegou ao conhecimento dos senadores que fizeram parte da direção da Comissão nesta terça-feira (5).
Em entrevista à Fórum, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi o vice-presidente da CPI da Covid, declarou que "esperava mais celeridade nas investigações. Mas, é luz, mesmo que seja de lamparina, na noite da impunidade".
"É um início, é um começo. Começa a sinalizar que, concretamente, os responsáveis pela crise sanitária que ocorreu no país não saíram impunes", destacou Rodrigues.
PGR omissa
De acordo com a procuradora da República Marcia Brandão Zollinger, que assina o documento, o encaminhamento parte de uma análise, ainda inicial, do relatório final da CPI da Pandemia. O documento possui mais de 1.200 páginas.
Sobre a postura da Procuradoria-geral da República diante do relatório final da CPI, Randolfe Rodrigues é enfática e afirma que o órgão é "leniente e omisso".
"Os encaminhamentos da PGR foram muito lentos e protelatórios. Mesmo assim é importante destacar que, mesmo sendo protelatório, tem dez petições que estão no Supremo Tribunal Federal sob a guarda de 6 ministro do Supremo e que eventualmente terão desdobramentos e eu tenho confiança na condução dos ministros do STF em relação a esses procedimentos", critica o senador.
Além da crítica à Procuradoria-Geral da República, o senador afirma que as instituições "fracassaram e se omitiram" diante dos escândalos de corrupção do governo Bolsonaro.
"A CPI teve dois papeis a cumprir: o primeiro foi quando ocupou o papel que as outras instituições fracassaram e se omitiram. Não precisaria ter tido CPI se a PGR [tivesse executado o seu papel], se tivesse tido atuação do MPF em primeira instância, se tivessem conduzidos investigações teriam descoberto tudo ou até mais do que nós descobrimos na CPI. A CPI deu luz a um escândalo que já existia. Um conjunto criminoso que estava em curso", disse Randolfe Rodrigues.
Corrupção e blindagem
Apesar do tom crítico adotado, o senador Randolfe Rodrigues afirma que todos aqueles que estiveram envolvidos nos escândalos investigados pela CPI da Covid irão pagar pelos seus crimes.
"Tirem o cavalinho da chuva os caras que cometeram crimes e acreditam que vão ficar impunes. Tem procedimento em curso e eles vão pagar pelos crimes que cometeram, inclusive o Jair Bolsonaro", alertou.
Em seguida, Rodrigues afirma que o presidente Bolsonaro não poderá contar com a blindagem proporcionada por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, e por Augusto Aras, Procurador-geral da República.
"Arthur Lira e Augusto Aras não vão blindar ele [Bolsonaro] pro resto da vida. Quem primeiro vai levar Jair Bolsonaro a responder pelos crimes é o povo brasileiro em outubro desse ano quando destituí-lo da presidência da República e eu advogo para que isso ocorra no primeiro turno", diz Randolfe.
Posteriormente, Rodrigues afirma que o presidente Jair Bolsonaro não teve serventia ao país.
"Jair Bolsonaro só serviu para uma coisa: pra montar esquema de blindagem e proteger eles e os filhos. De resto não serviu para nada: matou brasileiros, levou o país a tragédia ambiental, social, econômica e política. Dividiu os brasileiros, semeou clima de ódio e além de tudo não trabalha, fica o tempo vagabundando", disse o senador.
Por fim, Randolfe Rodrigues destaca que a CPI já trouxe resultados positivos à população brasileira.
"Além disso, a CPI já trouxe resultados: tivemos a vacinação…, mas veja, por que eles estão conseguindo protelar com a vacinação das crianças? Porque não tem uma CPI no cangote deles. então, a CPI impulsionou a vacinação, a CPI salvou milhares de vidas dos brasileiros. A CPI conseguiu evitar um golpe de R$ 1,6 bilhão e no caso da vacina que não era vacina da Precisa com a Covaxin. Então, independentemente de qualquer coisa, a CPI já trouxe os primeiros resultados", finaliza Randolfe Rodrigues.