Após trocar juras e entregar o governo ao Centrão, Jair Bolsonaro (PL) vai alçar o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho (PROS) de volta à vida política durante evento não previsto na agenda oficial nesta segunda-feira (31) em Campos dos Goytacazes, cidade fluminense presidida por Wladimir Garotinho e berço do clã do ex-governador.
Garotinho, que foi preso por três vezes em investigações sobre corrupção e formação de quadrilha, pretende fazer do ato ao lado de Bolsonaro um ato de seu retorno à política.
Nas redes sociais, o ex-governador do Rio e todo o clã anunciaram com entusiasmo a visita do presidente à cidade.
"O presidente @jairbolsonaro vai a Campos na segunda-feira ratificar projetos importantes para a cidade. A gestão de @WladGarotinho acelera para gerar emprego, renda e desenvolvimento. É muito importante manter diálogo com o governo federal", anunciou Garotinho na sexta-feira (28).
Um dia depois, o ex-governador do Rio publicou artigo emque exalta a "vinda de Bolsonaro a Campos".
Após relatar que os recursos para "a duplicação de todo o trecho urbano da BR 101" foi obtido pela filha, a deputada Clarissa Garotinho (PROS-RJ), junto ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, Garotinho afirma que "devem ter outros anúnicos, mas só isso já valeria a visita do presidente ao seu estado, onde fez trajetória política de vereador na cidade do Rio até o maior cargo político do país".
"Portanto não devemos partidarizar a visita. O verão, a estação que estamos vivendo, é tempo de trabalho. A eleição virá em outubro, quando a primavera chegar", escreveu.
O evento foi anunciado com pompas no dia 26 por Clarissa e compartilhado nas redes pelo irmão, Wladimir.
Corrupção
Antes de viajar para Campos e encontrar Garotinho, na manhã desta segunda, Bolsonaro tuitou supostos dados de "combate à corrupção nos recursos públicos destinados à Covid" em suas redes sociais.
Três vezes presos entre novembro de 2016 e novembro de 2017, Garotinho teve a candidatura ao governo do Rio indeferida após contestação do Ministério Público Eleitoral (MPE) com base em uma condenação por ato doloso de improbidade administrativa com lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito de terceiro relativa a um suposto desvio de R$ 234,4 milhões do orçamento da Secretaria de Estado de Saúde entre 2005 e 2006.
A decisão foi confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que também determinou que a campanha fosse imediatamente suspensa e que fosse proibido o repasse de novos recursos do fundo eleitoral para a chapa de Garotinho. Apesar de ter sua candidatura barrada, Anthony Garotinho recebeu 84.187 votos que foram considerados nulos.