Apesar de dizer que não enriqueceu ao trabalhar na consultoria Alvarez & Marsal, o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) multiplicou o salário bruto que recebia do Governo Brasileiro por oito ao ingressar no escritório estadunidense. O supersalário rendeu R$ 3,5 milhões em um ano ao ex-juiz, o equivalente a R$ 10 mil por dia.
Até abril de 2020, Moro recebia um salário de R$ 30.934,70 mensais no Ministério da Justiça. O valor era ligeiramente superior ao que recebia como juiz - ignorados os diversos benefícios que Moro acumulava na Vara Federal de Curitiba, como o recebimento de auxílio-moradia mesmo morando na capital.
A partir de novembro daquele ano, a realidade do ex-ministro mudou. Moro passou a ganhar 45,8 mil dólares por mês. Usando a conversão atual, o montante mensal ficaria em R$ 246 mil, o que representa 8 vezes o salário de um ministro de Estado. Isso sem contar o bônus inicial de 150 mil dólares, equivalente a R$ 805 mil.
Ou seja, Moro mudou seu padrão de vida e enriqueceu ao trocar o governo brasileiro pelo salário robusto da consultoria estadunidense. E tudo isso às custas da Operação Lava Jato, na qual ele conseguiu projetar sua imagem nacionalmente em uma atuação que depois seria considerada como parcial pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
No período de 12 meses em que trabalhou na Alvarez & Marsal, Moro acumulou 656 mil dólares. O montante se converte em R$ 3,5 milhões. Esse salário milionário represente um soldo de cerca de R$ 10 mil por dia.
Em live realizada ao lado do deputado federal Kim Kataguiri (DEM), o ex-juiz tentou minimizar a quantia e disse que não enriqueceu - o que não é verdade. “Não enriqueci. Trabalhei e recebi um bom salário, nos padrões dos Estados Unidos”, afirmou
A Fórum acessou o Portal da Transparência do Governo Federal para trazer os ganhos totais de Moro como ministro, mas a plataforma - modificada diversas vezes no governo Jair Bolsonaro - não permite consultas retroativas. Também não é possível conferir o salário dos ministros em exercício.