O PT e o PSB deram mais um passo para a formação de uma federação partidária, dispositivo aprovado pelo Congresso Nacional no ano passado que permite que duas ou mais legendas se unam não só na eleição, mas também durante a legislatura, e atuem de forma conjunta durante todo o mandato parlamentar.
A presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann, e o presidente do PSB, Carlos Siqueira, se reuniram nesta quinta-feira (20) em Brasília para discutir a federação entre as legendas. O encontro, que ainda contou com a participação do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e de Márcio França, ambos do PSB, além do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), serviu também para as siglas discutissem alianças políticas nos estados.
À Fórum, Gleisi classificou a reunião como "muito boa". "Falamos bastante sobre a construção da federação, tanto nós do PT quanto do PSB temos a intenção de fazer. Vamos nos dedicar a essa construção, sabemos que tem dificuldades, resistência em ambos os partidos, mas a gente quer vencer isso", disse.
PCdoB e PV devem compor a federação com PT e PSB. Gleisi e Siqueira, junto à direção dos outros dois partidos, decidiram que vão acionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar conseguir mais tempo para definir os detalhes da formação da federação. "Achamos que o prazo dado pelo TSE é muito curto", declarou a presidenta do PT.
Alianças nos estados
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, já havia afirmado que seu partido deve apoiar Lula (PT) na corrida à presidência. Os dois partidos, no entanto, ainda negociam alianças nos estados.
Na reunião desta quinta-feira (20), segundo Gleisi informou à Fórum, ficou definido que as legendas se reunirão na próxima quinta-feira (27) para fechar um acordo sobre a aliança em Pernambuco. Apesar do PT pernambucano ter aprovado a pré-candidatura do senador Humberto Costa (PT-PE) ao governo do estado, Gleisi afirmou na saída da reunião que o PSB terá prioridade na escolha do candidato, apesar de este nome ainda não ter sido definido.
"Em relação a Pernambuco, sempre tivemos compreensão que compete ao PSB a indicação. O nome de Humberto foi colocado pela ausência de candidaturas", disse a dirigente petista na saída da reunião.
Após o encontro, Carlos Siqueira, através das redes sociais, afirmou que o PSB já decidiu apoiar candidaturas do PT em 4 estados: Bahia (Jaques Wagner), Sergipe (Rogério Carvalho), Piauí (Rafael Fonteles) e Rio Grande do Norte (Fátima Bezerra). Além disso, a legenda oferecerá palanques ao PT em Alagoas e no Maranhão.
"Vamos iniciar com o PT uma rodada de reuniões nos Estados para aprofundar o debate sobre os nomes aos governos estaduais", disse Siqueira.
O PT, por sua vez, deve apoiar candidatos do PSB, além de Pernambuco, no Rio de Janeiro (Marcelo Freixo) e Espírito Santo (Renato Casagrande).
O principal impasse entre as duas legendas e que não foi resolvido na reunião desta quinta-feira (20) está em São Paulo. No estado, o PT trabalha com a candidatura de Fernando Haddad, enquanto o PSB quer lançar Márcio França. Nenhuma das siglas sinalizam que pretendem abrir mão da disputa.
Pesquisas de intenção de voto têm mostrado que Geraldo Alckmin (sem partido) lidera a disputa no estado, mas há a expectativa que o ex-tucano abandone a corrida para ser candidato a vice na chapa de Lula (PT) à presidência. Sem Alckmin no páreo, Haddad lidera.
"Paralelo ao esforço de construir a federação, vamos discutir os estados. Vamos marcar uma reunião com São Paulo. O PT entende que a candidatura do Haddad é essencial, o PSB entende que a candidatura do Márcio é importante. Com respeito entre nós, temos que chegar a um denominador comum", disse Gleisi, adicionando ainda que pretende envolver o PSOL, que tem Guilherme Boulos como pré-candidato ao governo de São Paulo, nas discussões.
As duas legendas, nas próximas semanas, devem também tentar um acordo para o Rio Grande do Sul, onde o PT trabalha com a pré-candidatura de Edegar Pretto e o PSB a de Beto Albuquerque.