A entrevista de Lula (PT) aos sites independentes, em que disse que "da minha parte não tem nenhum problema em ter [Geraldo] Alckmin como vice” soou como um afago aos ouvidos dos agentes do sistema financeiro, que viram uma sinalização de que o petista fará o que sempre fez: vai incluir todos nos debates sobre os rumos do país caso seja eleito novamente em outubro.
“O candidato que saiu na frente (das pesquisas) está rumando para o centro. É isso que os investidores querem”, resumiu o economista Roberto Motta, da Genial Investimentos, em live para investidores, quando foi atacado por bolsonaristas.
Ao explicar sua posição, Motta disse que “Lula estava em ambiente hostil para dar declarações que surpreenderam o mercado” e que teria usado a entrevista com a Fórum e sites independentes par mandar recado as "alas mais radicais do partido".
A declaração de Lula teve forte reflexo no mercado financeiro. O dólar foi negociado abaixo dos R$ 5,50 pela primeira vez em dois meses. A queda de juros chegaram ao patamar mais baixo ao fim do dia e o Ibovespa subiu 1,79% aos 108.571 pontos.
Em entrevista ao jornal O Globo, Alvaro Bandeira, do banco digital Modalmais, disse que “Lula fez afagos em FHC e José Serra, foi menos agressivo que na semana anterior e falou em compor chapa com Alckmin". "Isso trouxe maior tranquilidade aos investidores”.
Para Bandeira, a entrevista foi entendida como sinal de diálogo, de que o mercado também será ouvido em eventual novo governo petista.
Em relatórios a clientes a XP Investimentos, uma das corretoras mais críticas a Lula disse que a sinalização a Alckmin como ice reduziu um pouco as tensões com o mercado e ajudou na valorização da moeda.