O jurista Ricardo Lodi, reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), criticou a pré-candidatura do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) à presidência durante entrevista ao Jornal da Fórum nesta terça-feira (11). O professor de Direito comentou sobre entrevista de Moro a uma rádio.
"Sergio Moro nunca teve nenhum compromisso com o combate à corrupção. O compromisso dele era de combate ao PT, ao Lula. Sergio Moro cumpriu uma missão. Bolsonaro foi indiretamente beneficiado [pela atuação do ex-juiz], mas o grande patrão do Moro não era Bolsonaro, eram os interesses transnacionais, notadamente o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, onde ele foi treinado", disse Lodi durante entrevista ao jornalista Miguel do Rosário, no Jornal da Fórum.
O jurista comentava sobre a resposta de Moro a uma provocação feita pelo jornalista José Eduardo Bocão durante entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador.
“O senhor não pode negar que não sabia em que lama estava pisando. O senhor sabe muito bem onde estava entrando, porque antes do senhor ser chamado pra trabalhar na presidência, era só o senhor pegar o histórico de Bolsonaro e o senhor ia ver que Bolsonaro disse que ia estuprar deputada, que se mostrava homofóbico, apoiava pena de morte. Que Bolsonaro era isso aí. Como diz o Mário, o Bolsonaro nunca enganou ninguém, não ia enganar o senhor, um homem de tantos anos de vivência”, disparou José Eduardo durante a entrevista.
Claramente incomodado, Moro respondeu afirmando que “se tivesse entrado pelo poder, ainda estava no governo” pois, segundo ele, “estava em uma situação tranquila, como prestígio de ministro”. O ex-ministro disse que não imaginava que as posturas preconceituosas de Bolsonaro se concretizariam no governo e que acreditou que "tinha uma chance de dar certo".
Lodi também rebateu essa afirmação no Jornal da Fórum. "Dizer que não acreditava no que o Bolsonaro falava há 30 anos... Que ele era racista, homofóbico, misógino... Moro acreditava em quê, então? O que leva uma pessoa com qualquer compromisso a valores humanitários a acreditar que Bolsonaro daria certo? É a sede do poder", declarou.
"Todo mundo sabe que foi feito um acordo entre Bolsonaro e Moro para que ele chegasse no STF quando abrisse uma vaga, só que as coisas não aconteceram como ele imaginava, ele achava que teria carta branca para ser um 'superministro' e sair consagrado. Só que esse governo é picadeiro para um palhaço só. Todo mundo sabe que é mentira essa história de que podia dar certo", afirmou.