O jurista Celso de Mello, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), reagiu nesta terça-feira, 7 de setembro, aos atos golpistas promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro. O ex-ministro cobrou uma reação da população através do Judiciário e do Legislativo contra "tentações autoritárias e as práticas governamentais abusivas".
"A resposta do povo brasileiro aos discursos deste Sete de Setembro de 2021, indignos da importância da data nacional que celebramos, só pode ser uma: as tentações autoritárias e as práticas governamentais abusivas que degradam e deslegitimam o sentido democrático das instituições e a sacralidade da Constituição traduzem justa razão para a cidadania, valendo-se dos meios legítimos proporcionados pela Constituição da República, insurgir-se, por intermédio dos Poderes Legislativo e Judiciário, contra os excessos governamentais e o arbítrio dos governantes indignos”, disse Mello em entrevista ao jornalista Rafael Moraes Moura, da Revista Veja.
A declaração parece sugerir adesão ao impeachment do presidente.
Celso de Mello aponta ainda que a postura de Bolsonaro nos atos golpistas revela a "figura sombria de um governante que não se envergonha de desrespeitar e vilipendiar o sentido essencial das instituições da República” e "a triste figura e a distorcida mente autocrática de um político medíocre".
O ex-ministro sustenta que "Bolsonaro é um político que não está a, como jamais esteve, à altura do cargo que exerce" e "degradou-se ainda mais". “É preciso repelir, por isso mesmo, os ensaios autocráticos e os gestos e impulsos de subversão da institucionalidade praticados por aqueles que exercem o poder!", declarou.
O STF, principal alvo do presidente, ainda não se manifestou oficialmente. Os ministros da corte teriam se reunido na noite desta terça. Luiz Fuz, presidente da Corte, deve fazer um pronunciamento nesta quarta-feira (8).
Impeachment de Bolsonaro?
José Genoíno, ex-deputado e ex-presidente do PT, disse em entrevista à TV Fórum nesta terça que a oposição tem que fazer uma “obstrução selvagem” para garantir a abertura de processo de impeachment. “Ou bota o impeachment pra votar ou vamos fazer obstrução selvagem. Obstrução selvagem é a que não vota nada. Se for necessário, compra uns apitos, faz barricada no Salão Verde…”, afirmou.
Enquanto o PSDB anuncia que irá debater em sua Executiva sobre a possibilidade de um impeachment, partidos do centrão, como Solidariedade e MDB, estariam recorrendo às bancadas para saber o que fazer. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), já se antecipou e disse apoiar a investida. O PSD de Gilberto Kassab deve ir pelo mesmo caminho.
A oposição, que também foi às ruas nesta terça no Grito dos Excluídos, pressiona pela queda do presidente.
“Os atos de hoje mostram que o presidente só consegue dialogar com a sua claque e não é isso que se espera de alguém que deva liderar o país. Bolsonaro, definitivamente perdeu as condições de governar e recuperar a economia e o país. Só restam duas alternativas para Bolsonaro depois do dia de hoje: renúncia ou impeachment! Como ele não é capaz deste gesto pela nação, cabe ao Congresso conduzir o processo de impeachment”, disse o senador Jean Paul Prates (PT-RN), líder da Minoria no Senado.
Panelaços também explodiram nesta terça em diversas capitais.