Bolsonaro recua em convocação de Conselho da República e reunirá ministros

Com fracasso de mobilização e nova afronta ao STF, Congresso se mobiliza e impeachment pode voltar à pauta

Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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O presidente Jair Bolsonaro não vai mais convocar o Conselho da República. Apesar de ter falado em discurso feito neste 7 de Setembro que o faria, assessores do chefe do Executivo garantem que a reunião será do Conselho de Governo. Ao contrário do outro, este órgão é formado apenas por membros de seu gabinete.

Segundo o jornalista Guilherme Waltenberg, do Poder 360, assessores de Bolsonaro afirmaram que o presidente "se confundiu" com os nomes dos conselhos. Isso, no entanto, parece ser um recuo diante da reação negativa de integrantes do órgão.

Informações obtidas pela Fórum dão conta de que o Congresso Nacional ficou insatisfeito com o anúncio da convocação durante ato golpista de Brasília. Diante do fracasso das manifestações golpistas deste 7 de setembro, que foram bem menores que o esperado, Bolsonaro lançou essa cartada para tentar constranger os outros Poderes. Acontece que o conselho possui, além de membros do Executivo, dez representantes do Congresso Nacional.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da Oposição no Senado, chegou a anunciar que o Senado indicaria ele e o senador Omar Aziz (PSD-AM) como membros do Conselho, caso este fosse mesmo realizado. Aziz e Randolfe são, respectivamente, presidente e vice-presidente da CPI do Genocídio - uma pedra no sapato de Bolsonaro.

Críticos ao governo teriam ao menos outras três cadeiras. Renan Calheiros (MDB-AL), como líder da Maioria no Senado e relator da CPI, Jean Paul Prates (PT-RN), como líder da Minoria no Senado, e Marcelo Freixo (PSB-RJ), que é líder da Minoria na Câmara, estariam no conselho - junto a Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidentes da Câmara e do Senado.

Prates disse à Fórum que Bolsonaro “não adiantou a pauta, nem convidou formalmente os integrantes” e adiantou qual seria sua posição em eventual reunião. "O Conselho é um órgão de assessoramento da Presidência da República. Bolsonaro pode ou não seguir suas orientações.  A minha seria: Renuncie, Presidente!", afirmou.

Impeachment de Bolsonaro?

O fracasso dos atos de Bolsonaro e o tom ainda mais elevado de seu discurso provocou mobilizações no Congresso. Em discurso feito em São Paulo, Bolsonaro disse ainda que não mais respeitará as decisões do ministro Alexandre de Moraes, uma nova afronta ao STF.

Enquanto o PSDB anuncia que irá debater em sua Executiva sobre a possibilidade de um impeachment, partidos do centrão estariam recorrendo às bancadas para saber o que fazer. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), já se antecipou e disse apoiar a investida.

Segundo informações das jornalistas Daniela Lima e Renata Agostini, da CNN Brasil, Solidariedade e MDB estão se movimentando nesse sentido. O PSD de Gilberto Kassab deve ir pelo mesmo caminho.

A oposição, que também foi às ruas nesta terça no Grito dos Excluídos, pressiona pela queda do presidente.

“Os atos de hoje mostram que o presidente só consegue dialogar com a sua claque e não é isso que se espera de alguém que deva liderar o país. Bolsonaro, definitivamente perdeu as condições de governar e recuperar a economia e o país. Só restam duas alternativas para Bolsonaro depois do dia de hoje: renúncia ou impeachment! Como ele não é capaz deste gesto pela nação, cabe ao Congresso conduzir o processo de impeachment”, disse o senador Jean Paul.