A erosão política de Jair Bolsonaro tem feito com que o presidente adote posturas e diga coisas totalmente contrárias às suas práticas, causando-o até alguns constrangimentos. Nesta quarta-feira (29), durante uma visita à capital de Roraima, Boa Vista, o sempre candidato à reeleição disse que, caso o ex-presidente Lula volte ao cargo, ele retirará direitos trabalhistas e acabará com a CLT.
A fala chamou a atenção por vir justamente de um político com passado e presente ligados a medidas contra os trabalhadores, já que o então deputado federal foi um dos poucos que votaram contra a PEC66/2012, que conferia direitos trabalhistas às empregadas domésticas, se ausentou em 2017 da votação que aumentava a punição para quem explorasse trabalho escravo, votou a favor da famigerada reforma trabalhista de Michel Temer, aprovada no mesmo ano, e, agora em 2021, encaminhou ao parlamento a MP 1045, uma mal disfarçada reforma que precarizava gravemente o que sobrou dos direitos da classe trabalhadora, mas que foi derrubada no plenário do Senado em 1° de setembro.
“Há pouco eu assisti a um vídeo do ex-presidente Lula dizendo que o modelo econômico da China é o que deve ser imposto no Brasil. Não vou discutir o modelo econômico da China, mas obviamente o primeiro passo que deveria ser feito aqui no Brasil, se esse cara viesse a ocupar a Presidência, pra seguir o modelo chinês, seria acabar com a CLT, seria acabar com o 13°, acabar com as férias, acabar com o fundo de garantia (FGTS), acabar com a hora extra. Ou seja, manter (sic) um regime de trabalho ao nosso povo que nós não poderíamos aceitar. A China com seu regime. O Brasil com o seu regime”, disse o atual ocupante do Palácio do Planalto.
Em todos os seus pronunciamentos como presidente sobre o assunto, desde que assumiu, Jair Bolsonaro sempre destaca que se deve dar importância aos empresários, pois eles "geram empregos", e que "não ter direitos e ter emprego é melhor que ter direitos e não ter emprego".