Oposição denuncia manobra e sessão da Reforma Administrativa é encerrada

Base de apoio ao governo Bolsonaro articula para manter privilégios do judiciário e afetar as categorias da ponta do serviço público

Deputado Rogerio Correia denuncia manobra dos governistas para manter privilégios do judiciário/ Foto: Michel Jesus
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Os partidos de oposição interromperam a reunião da comissão especial que analisa a Reforma Administrativa (PEC 32), que ocorreu na noite desta quarta-feira (22), para impedir que um novo relatório, que foi colocado na página da comissão na calada da noite, fosse apreciado sem o que os parlamentares tomassem conhecimento.

Após a denúncia da oposição, o presidente do colegiado, Fernando Monteiro (PP-PE), encerrou a reunião e convocou uma nova para a manhã desta quinta-feira (23)

O deputado Rogério Correia (PT-MG) afirmou que "o governo quer aprovar a PEC 32 na mão grande" e que por volta das 21h08 um novo relatório foi inserido no sistema.

“Às 21h08 aparece um novo relatório, um novo complemento. Eu não sei mais em que nós estamos votando. Então a questão de ordem que faço é que suspenda essa reunião. Se nós não sabemos o que está no relatório, como vamos fazer destaque?”, questionou o deputado.

Segundo o parlamentar, o novo relatório contém mais de 100 itens. "“Nós não sabemos o que eles alteraram. Por exemplo, querem, agora, na calada da noite, manter aqueles privilégios de juízes, procuradores e promotores que estavam sendo retirados. Portanto, eles alteraram o texto originário da PEC”, denunciou.

Segundo o deputado Alencar Santana Braga (PT-SP), os parlamentares da base de apoio ao governo estão desde a semana passada tentando alterar o relatório e que, por este motivo, a votação não acontece.

Marca, desmarca, altera horário, muda relatório, apresenta outro, vai haver nova versão e assim foi. Ora, por que isso? Porque não havia concordância no texto, uma demonstração clara de um governo sem rumo e, mais do que isso, de que a reforma é péssima, cruel com o trabalhador, justamente com o servidor mais pobre, mais humilde, aquele que ganha menos, mas que na ponta é essencial na prestação do serviço”, criticou Santana Braga.